Olinda recebe a 32ª edição do Encontro do Maracatu de Baque Solto de Pernambuco
Encontro dos Maracatus faz parte do calendário carnavalesco dos municípios de Aliança e de Olinda
Um resgate da tradição. O espaço Ilumiara Zumbi, no bairro Cidade Tabajara, em Olinda, recebe a 32ª edição do Encontro do Maracatu de Baque Solto de Pernambuco. No município, o encontro acontece na segunda-feira de Carnaval (12).
No espaço, se apresentam diversos grupos. O público acompanha em peso as apresentações. Os grupos saem da Casa da Rabeca para se apresentarem no espaço Ilumiara Zumbi
O evento também aconteceu no domingo (11) no Pátio da Cultura no Centro de Aliança e será realizado na terça-feira (13) no Terreiro Leda Alves (sede da Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco (AMBS-PE), também em Aliança.
O encontro dos Maracatus faz parte do calendário carnavalesco dos municípios de Aliança e de Olinda. No total, são mais de 100 grupos de Maracatus de 22 municípios do Estado e mais de 15 mil brincantes.
Criado pelo Mestre Manoel Salustiano Soares (1945-2008), o Mestre Salu, em 1990, o encontro tem a ideia de reunir os brincantes e preservar essa manifestação da cultura popular pernambucana.
O evento é realizado pelos próprios grupos, a partir das Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco (AMBS-PE), do município de Aliança, no Agreste do Estado.
São grupos das zonas da Mata Norte e Sul, do Agreste Setentrional e da Região Metropolitana do Recife, incluindo o mais antigo, o Maracatu Cambindinha de Araçoiaba, de 1914, que completa 110 anos, e os três caçulas: Maracatu Tubarão Devorador de Aliança, Maracatu Canarinho de Ouro e o Maracatu Beija Flor da Mata Norte, fundados em 2023.
O encontro homenageia, este ano, os folgazões - brincantes fantasiados - que participaram de todas as edições anteriores do evento: Dona Nina, do Leão Teimoso de Lagoa de Itaenga; Dona Ernesta, do Leão Dourado de Lagoa do Carro; Dona Aurora, do Carneiro Manso de Glória do Goitá; Luís Caboclo, do Estrela de Ouro de Aliança; Zé Tico, do Leão Vencedor de Buenos Aires; e Seu Nestor, do Leão da Vitória de Vitória de Santo Antão.
Fundado em 1997, o Maracatu Leão de Ouro, da Vila Canaã, de Araçoiaba, foi um dos grupos que de apresentaram em Olinda.
Jaqueline Maria da Silva, de 32 anos, faz parte do grupo há 20 anos. Ela contou o que o grupo significa.
"Para mim é um maior orgulho estar aqui representando o meu maracatu que eu amo de paixão e é algo que não tem nem como descrever esse momento, porque desde que eu nasci faço parte do Maracatu, desde que meu pai resolveu fundar o maracatu que a gente está ali dentro até hoje", disse.
Conhecido como João Maria, João Antônio da Silva, de 62 anos, fundou o Maracatu Leão de Ouro junto com o seu padrasto. Emocionado, falou sobre a importância do grupo.
"O meu maior encontro é quando eu vejo essa rapaziada que trabalha comigo o tempo todo. E tira dias para costurar, fazer as roupas e quando a gente chega no dia de hoje, na segunda, que coloca ele na rua, é a maior alegria do mundo", afirmou.
Já o Maracatu Carneiro Manso, do município de Glória do Goitá, foi fundado em 1950. Edilene Maria de Lima, conhecida como Preta do Carneiro Manso está no grupo desde 2004. Ela é filha de Aurora Francisca Correia, de 75 anos, uma das fundadoras e homenageada do encontro deste ano.
"O Carneiro Manso é uma satisfação muito grande, porque é de geração em geração. Quando o meu avô morreu, minha mãe ficou com esse Carneiro Manso, hoje ela não pode mais, porque ela está deficiente visual, então os filhos, sobrinhos, tomam conta do Maracatu", comentou.
O professor universitário Sérgio Luiz Silva mora atualmente no Rio de Janeiro, mas sempre vem para Pernambuco para aproveitar o Carnaval. Ele nasceu em Natal, mas foi criado no Recife.
"É a sensação de voltar para casa, voltar para o lugar de onde você saiu, de onde você foi criado, rever o povo que faz parte da sua vida, da sua história, das suas memórias. O Carnaval de Olinda e do Recife é o melhor do mundo. Nenhum outro Carnaval é melhor do que esse daqui. Já passei Carnaval no Rio, na Bahia, mas igual a esse aqui tem não", destacou o professor.