NEGÓCIOS

Após ser vendida pela Natura, The Body Shop entra em reestruturação no Reino Unido

Rede de cosméticos enfrenta dificuldades para expandir vendas pela internet e passará a ser administrada por uma consultoria especializada em reorganização financeira

Cosméticos The Body Shop - Reprodução/Instagram

Poucos meses depois de comprar a rede de cosméticos de origem inglesa The Body Shop da brasileira Natura, a gestora de private equity alemã Aurelius anunciou que vai delegar a administração do negócio a uma consultoria de reestruturação financeira, o que pode ameaçar suas 200 lojas e 2 mil empregados.

A Aurelius informou que nomeou a FRP Consultoria como administradora da rede nesta terça-feira como a melhor forma de garantir o futuro da marca.

A empresa de aquisições de empresas, que também é proprietária da rede de roupas esportivas Footasylum e da de farmácias Lloyds Pharmacy, comprou a Body Shop da Natura & Co. no fim do ano passado, em um acordo que avaliou a varejista em cerca de US$ 262 milhões (R$ 1,3 bilhão pelo câmbio atual).

 

O valor do negócio ficou muito abaixo dos cerca de 1 bilhão de libras (R$ 6,2 bilhões atualmente) que a gigante brasileira dos cosméticos havia pago, em 2017, na compra da rede da L’Oréal.

The Body Shop foi fundada em 1976 pela ativista dos direitos dos animais Anita Roddick, numa pequena loja em Brighton, na costa sul da Inglaterra. Tornou-se popular por vender cosméticos e produtos de higiene que não eram testados em animais.

A rede The Body Shop tem enfrentado uma concorrência crescente de rivais com maior capacidade de atingir os consumidores on-line, particularmente os mais jovens.

Acabou vendida pela Natura em um esforço da brasileira para reduzir seu endividamento em meio às dificuldades impostas pela pandemia.

O comércio eletrônico de beleza quase quadruplicou entre 2015 e 2022, ultrapassando 20% das vendas do setor, segundo a McKinsey & Co.

— Parece possível que a Body Shop seja mais um caso de empresa com histórico forte que não conseguiu acompanhar as exigência do consumidor moderno e cada vez mais inconstante — avalia Matthew Padian, sócio especializado em reestruturação e insolvência do escritório de advocacia Stevens & Bolton.