NEGÓCIOS

Toyota terá presidente brasileiro no país pela primeira vez

Montadora deve começar a produzir este ano novo modelo SUV com tecnologia híbrido flex

Fábrica da Toyota em Sorocaba (SP) - Divulgação/Toyota

A montadora japonesa Toyota terá um presidente brasileiro pela primeira vez em sua história no país. A companhia anunciou Evandro Maggio como novo CEO no Brasil. Ele está na Toyota desde 2005 e já passou por diferentes áreas, como departamento comercial, atuou na Lexus (marca de veículos de luxo da Toyota), no Japão, passou pelo setor de recursos humanos e, atualmente, atuava como diretor regional de Pesquisa & Desenvolvimento e Compras.

"Continuaremos trabalhando pelo desenvolvimento do mercado automotivo brasileiro, buscando inovação em tecnologia e mobilidade", declarou Maggio em nota.

A montadora promoveu ainda outras mudanças em sua estrutura. Para a América Latina e Caribe foi nomeado Rafael Chang, que estava na presidência da operação brasileira. E Masahiro Inoue, que dirigia a operação latinoamericana, foi nomeado presidente da Daihatsu Motor, segmento que produz automóveis compactos e caminhões de pequeno porte.

Primeiro híbrido flex
A companhia está há 66 anos no país, e iniciou a produção brasileira em 1958, com o jipe Land Cruiser, que depois ganhou o nome de Bandeirante. Tem três fábricas no Brasil, todas em São Paulo: Indaiatuba, Sorocaba e Porto Feliz (de motores) e emprega cerca de 6 mil pessoas. Inaugurada em 1962, a unidade de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista — a primeira unidade da empresa fora do Japão— fechou as portas no ano passado.

A Toyota foi a primeira montadora a desenvolver um carro híbrido abastecido com etanol (híbrido flex), o Corolla sedã, e começou a produzi-lo no Brasil, em 2019. Em 2021, passou a oferecer o primeiro SUV híbrido flex do mercado, o Corolla Cross, também montado no Brasil. Em 2013, lançou o primeiro veículo híbrido do Brasil, o Toyota Prius, colocando o país na era da eletrificação. Cada um desses projetos, recebeu investimentos de R$ 1 bilhão.

Agora a montadora japonesa vai acelerar a produção de híbridos flex. Em abril do ano passado, a Toyota anunciou investimento de R$ 1,7 bilhão para a fabricação de um terceiro modelo, desta vez um SUV compacto, com tecnologia híbrido flex em sua fábrica de Sorocaba. O motor será produzido na planta de motores da montadora em Porto Feliz. O novo veículo deve começar a ser fabricado ainda este ano

No Brasil, especialistas avaliam que este poderá ser o caminho antes de se chegar à eletrificação pura. No exterior, a grandes fabricantes têm divulgado que pretendem fazer a transição diretamente para os veículos elétricos, por falta de outras opções para atenderem normas de descarbonização.

O Brasil tem potencial para se destacar globalmente no processo de descarbonização da indústria automobilística, segundo os especialistas, especialmente com o uso do etanol, que reduz em 90% a emissão de gases poluentes na comparação com gasolina.

O presidente da Volkswagen no Brasil, Ciro Possobom, disse ao GLOBO, durante anúncio de novos investimentos de R$ 9 bilhões no país, no início deste mês, que a companhia está trazendo uma nova plataforma ao país para a montagem de veículos híbridos flex. Os carros puramente elétricos só devem começar a ser fabricados no país no final desta década.

— Não é possível pegar a mesma estratégia da Europa e China e trazer ao Brasil. O carro flex é um ativo importante do Brasil, que traz solução antes da eletrificação — afirmou.

A montadora americana General Motors, que anunciou investimentos de R$ 7 bilhões no país, em janeiro, vem apostando nos carros elétricos puros nos EUA, sem passar pelos modelos híbridos. Mas não descarta que híbridos possam ser fabricados no Brasil, dependendo da demanda dos consumidores. A Stellantis, dona de marcas como Fiat, Peugeot e Citroen, também defende os veículos híbridos flex como primeiro passo para a eletrificação completa dos veículos no Brasil.

A tecnologia do etanol já tem produção e estrutura de abastecimento consolidadas no Brasil, cenário diferente dos demais países, apontam os especialistas. E modelos puramente elétricos que ainda contam com poucos pontos de recarga no país. Enquanto a China tem 1,8 milhão de estações públicas de carregamento, no Brasil elas somam apenas 3 mil.

O programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançado pelo governo no ano passado, que reduz imposto de quem polui menos, aumenta exigências de sustentabilidade e expande investimentos em eficiência energética, também deve acelerar investimentos em novas tecnologias no setor automotivo.

Toyota vendeu 20 mil carros com tecnologia híbrido flex

Entre os modelos com tecnologia híbrida flex no Brasil, o Corolla Cross vendeu 12.115 unidades em 2023, e o Corolla sedã, teve 7.885 unidades emplacadas. Somados, são 20 mil veículos com a tecnologia híbrida flex comercializados em 2023. Atualmente, já são mais de 70 mil carros eletrificados com a tecnologia híbrido flex em circulação pelo Brasil.

No total (incluindo veículos a combustão e eletrificados puros), a Toyota terminou 2023 com 146,9 mil unidades vendidas no Brasil, alta de 2,7% em relação a 2022, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O resultado das vendas inclui também a marca Lex.

A tecnologia híbrida flex combina três motores (dois elétricos e um à combustão), que atuam de forma integrada. Eles 'autogeram' sua energia (ou seja, não precisam ser plugados na tomada) e chegam a emitir 70% menos de CO2 na atmosfera em comparação com um veículo a gasolina.