GUERRA NA UCRÂNIA

Ucrânia reconhece situação 'extremamente complexa' na frente de batalha

Segundo o comandante das Forças Armadas ucranianas, Oleksandr Sirski, o país não tem homens e armas essenciais para enfrentar a invasão russa

Bombeiros trabalham em um prédio atingido por bombardeio russo em uma área residencial em Donetsk, na Ucrânia - Stringer/AFP

O novo comandante das Forças Armadas ucranianas, general Oleksandr Sirski, reconheceu nesta quarta-feira (14), após uma visita à linha de frente, que a situação é "extremamente complexa" e que a Ucrânia não tem os homens e as armas necessárias para enfrentar a invasão russa.

Essas dificuldades podem ser exacerbadas se um novo pacote de ajuda dos EUA, crucial para o arsenal de Kiev, continuar bloqueado por divisões entre democratas e republicanos.

"Os ocupantes russos continuam a aumentar seus esforços e superam em número" as forças ucranianas, disse o general Sirski no Telegram. "A situação operacional é extremamente complexa e estressante", acrescentou.

"Estamos fazendo todo o possível para impedir que o inimigo avance em nosso território e para manter nossas posições", enfatizou o novo comandante-chefe, reconhecendo que suas forças estão lutando para conter os múltiplos ataques russos no leste. No entanto, o governo ucraniano continua causando estragos na frota russa no Mar Negro, como aconteceu nesta quarta-feira, quando anunciou a destruição de outro navio de guerra.

Na frente terrestre, a meta de recapturar os quase 20% do território ucraniano ocupado pelas forças russas ainda parece muito distante.

Syrsky, há muito tempo comandante das operações militares de Kiev no leste, foi promovido a chefe do Exército na semana passada, com o presidente Volodimir Zelensky exigindo "mudanças" após o fracasso da contraofensiva ucraniana em meados de 2023.

Em sua primeira visita à linha de frente como comandante-chefe, o general foi acompanhado pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, e passou pelas cidades de Avdiivka e Kupiansk, dois dos pontos críticos.

"Estamos tomando todas as medidas possíveis para minimizar nossas perdas", disse ele.

Navio destruído 
Desde outubro, as forças russas vêm realizando ataques maciços e bombardeios para conquistar Avdiivka, uma cidade industrial em grande parte destruída.

A posição dos defensores ucranianos tem se deteriorado desde janeiro e o prefeito da cidade, Vitaly Barabach, falou recentemente de uma situação "crítica" em alguns bairros.

Por outro lado, no Mar Negro, onde a Ucrânia conseguiu, em 2023, empurrar para trás a poderosa frota russa com a ajuda de mísseis e drones, Kiev anunciou nesta quarta-feira a destruição de outro navio inimigo.

"As Forças Armadas ucranianas, com unidades de inteligência militar, destruíram um grande navio de desembarque, o 'Caesar Kunikov'", disse o Estado-Maior do Exército em seu canal Telegram.

O Departamento de Inteligência Militar da Ucrânia (GUR) explicou que havia usado drones navais Magura V5 para destruir o navio ao longo da cidade de Alupka, na costa do Mar Negro, causando "buracos críticos" que levaram ao seu afundamento.

De acordo com os militares ucranianos, desde o início da guerra, há dois anos, 24 navios e um submarino foram "desativados", o que representaria um terço dos navios russos no Mar Negro.

A Rússia raramente reconhece suas perdas e, nesta quarta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se recusou a comentar as alegações ucranianas.

Paralelamente, o Exército russo continua seus ataques às cidades ucranianas próximas à linha de frente no leste.

Na madrugada de quarta-feira, uma mãe e seu filho de nove anos e uma mulher grávida de 38 anos foram mortos em um bombardeio que atingiu um hospital na cidade de Selidove, no leste do país, de acordo com as autoridades ucranianas.

Poucas horas depois, outro ataque russo matou duas mulheres, de 62 e 74 anos, no vilarejo de Mikolaivka, 80 quilômetros a nordeste na mesma região de Donetsk, de acordo com o governador regional.