REAÇÃO

Bolsonaro testa força do bolsonarismo em ato na Avenida Paulista, em São Paulo

Ex-presidente afirma que vai usar o ato para se defender de todas as acusações imputadas a ele nos últimos meses.

Jair Bolsonaro convocou ato em sua defesa - EVARISTO SA / AFP

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) utilizou a recente operação da PF, que cravou um alvo em suas costas e de seus aliados, para medir a força do bolsonarismo no Brasil e entre os aliados de outros momentos. Para tanto, convocou para o próximo dia 25, às 15h, na Avenida Paulista, um grande ato em sua defesa.

No vídeo de convocação, postado em suas redes, o ex-mandatário diz que vai usar o ato para se defender de todas as acusações imputadas a ele nos últimos meses. Bolsonaro pediu aos militantes que compareçam trajando verde e amarelo, mas sem "qualquer faixa ou cartaz contra quem quer que seja". Na prática, Bolsonaro quer evitar que seus apoiadores compareçam munidos de cartazes com pedidos de intervenção federal ou de ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), comuns em manifestações bolsonaristas pelo país.

Na semana passada, a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação Tempus Veritatis – "hora da verdade", em latim –, para apurar uma suposta organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Caso a operação leve ao seu indiciamento, se processado e condenado pelos crimes, o ex-presidente poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.

Segundo as investigações iniciais da operação da PF, pessoas do entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram elaborar uma fundamentação jurídica para legitimar o golpe de Estado que pretendiam executar após a derrota nas eleições presidenciais de 2022.

Ontem, a PF afirmou que dados reunidos na investigação comprovam que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia da existência da "minuta do golpe" e que chegou a pedir ajustes no texto. A informação está em um relatório entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal), na investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.

Dos aliados de outrora, poucos confirmaram a participação no ato em defesa de Bolsonaro. Entre os eleitos com o apoio do ex-presidente, apenas o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que andava afastado do bolsonarismo radical, declarou, na quarta-passada, à CNN Brasil, que iria. "É uma manifestação pacífica a favor do ex-presidente, e estarei ao lado dele, como sempre estive", afirmou o governador bolsonarista à CNN Brasil.

O apoio de Tarcísio surge logo após ter sido cobrado a fazer acenos públicos ao ex-presidente, considerado o principal responsável por sua chegada ao comando do maior colégio eleitoral do País e, principalmente, após críticas diante da recente aproximação de Tarcísio com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).