Maracatu de Baque Solto perde Mestra Gil, de Nazaré da Mata
Gil, 54, 1ª Mestra do Baque Solto no Estado, morreu nesta sexta-feira (16)
De bandeirista a mestra e, desde então, ocupando palcos País afora em Carnavais, festivais, sambadas e outros movimentos voltados à Cultura Popular. Assim se fez a trajetória de Mestre Gil por mais de 15 anos dedicados ao Maracatu de Baque Solto, em um trabalho que agora torna-se legado.
Aos 54 anos, Gil se foi nesta sexta-feira (16) em decorrência de um câncer. Mulher, negra, natural de Nazaré da Mata, Zona da Mata pernambucana, ela era do Maracatu de Baque Solto Coração Nazareno e da Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam).
Voz da Cultura Popular
Mestra Gil tornou-se uma das vozes ativas da Cultura Popular, enquanto esteve à frente do Maracatu Feminino Coração Nazareno, fundado em março de 2004 - data simbólica por também ser celebrado o Dia Internacional da Mulher.
Foi por lá que Gil ingressou como bandeirista até chegar a mestra para viajar pelo Brasil como representante forte de manifestações diversas como as sambadas, mostras e festivais, em meio a versos de improviso que carregavam a sua assinatura.
Ainda dentro do Maracatu Coração Nazareno, Gil participou da gravação de dois CD's - o primeiro deles em 2004 e o segundo em 2009, este com o apoio do Ponto de Cultura Engenhos dos Maracatus, coordenado pelo Amunam, em um trabalho que trouxe a Mestra para temáticas sociais, ambientais, culturais e de empoderamento feminino.
“Em 2024 o Maracatu Coração Nazareno chega à marca de 20 anos. E, nesta jornada, Mestra Gil teve uma importante contribuição para todas nós, mulheres da Mata Norte, Pernambuco e Nordeste. Ela foi a porta-voz das mulheres e da sociedade, levando nossas reflexões aos palcos por onde passou” (Eliane Rodrigues, coordenadora e idealizadora do Coração Nazareno)
Givanilda Maria da Silva, a Mestra Gil, foi casada com Mestre Zé Duda, do Maracatu Rural Estrela de Ouro, de Aliança, também na Mata Norte. Ele faleceu em 2 de junho de 2023 e era tido como o garganta de ouro, responsável por incentivar e apoiar a carreira dela dentro da cultura popular do maracatu rural.