JAIR BOLSONARO

Silas Malafaia volta atrás e diz que associação religiosa não vai financiar ato bolsonarista

A decisão do líder religioso de custear o evento com seu próprio dinheiro ocorre após críticas nas redes sociais sobre suposto uso de dízimo de fiéis para o ato bolsonarista

O Pastor Silas Malafaia (esq.) ao lado de Jair Bolsonaro - Isac Nóbrega/PR

Depois de anunciar que a Associação Vitória em Cristo financiaria a manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o próximo dia 25 na Avenida Paulista, o pastor evangélico Silas Malafaia mudou o discurso, afirmando que o ato será pago com recursos próprios.

A decisão do líder religioso de custear o evento com seu próprio dinheiro ocorre após críticas nas redes sociais sobre suposto uso de dízimo de fiéis para o ato bolsonarista.

"Até agora nada foi pago do evento do dia 25 de fevereiro. Nem a Assembleia de Deus Vitória em Cristo ou a Associação Vitória em Cristo vão pagar coisa nenhuma", afirmou Malafaia no Instagram, acrescentando que, embora o estatuto da associação evangélica permita o financiamento de manifestações públicas, o evento na Avenida Paulista será pago com recursos pessoais. "Com o maior prazer farei isso", disse o pastor na rede social.

Idealizado por Malafaia, a manifestação bolsonarista terá como mote "a defesa do Estado Democrático de Direito". O pastor da Associação Vitória em Cristo disse que o ato é "para além da figura de Jair Bolsonaro".

Na prática, porém, o evento busca reunir uma multidão em defesa do ex-presidente, que recentemente foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que apura a tentativa de um golpe de Estado organizado por integrantes do governo Bolsonaro.
 

Na quinta-feira, 15, o ex-presidente e o pastor se reuniram para discutir sobre a manifestação. O encontro ocorreu na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, e contou com a participação do advogado e porta-voz de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, e do deputado Zucco (PL-RS). Na ocasião, o parlamentar gaúcho reforçou, em coletiva de imprensa, que a intenção é que seja um "evento pacífico, ordeiro e com a presença de diversos parlamentares".

Já a convocação para a manifestação foi feita por Bolsonaro por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais na segunda-feira, 12. Na gravação, o ex-mandatário argumenta que vai usar o ato para se defender "de todas as acusações que têm sido imputadas" contra ele.

Na gravação, Bolsonaro ainda orienta os seus apoiadores a não levarem faixas "contra quem quer que seja". Em atos anteriores convocados por ele, tornou-se comum a exibição de faixas pedindo intervenção federal e atacando ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Sempre tinha faixa de algum aloprado: 'fechar o STF' ou 'fechar o Congresso Nacional'", disse Malafaia, atribuindo os objetos a "imbeciloides". Segundo o pastor, manifestações desse tipo eram narradas como a tônica dos eventos e, por isso, Bolsonaro fez a solicitação aos apoiadores.

Essa será a primeira manifestação bolsonarista convocada pessoalmente pelo ex-presidente depois do 8 de Janeiro, quando seus apoiadores protagonizaram o ataque às sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Além de Malafaia, o assessor e advogado do ex-presidente, Fábio Wajngarten, confirmou a realização do evento, que já foi endossado por outros apoiadores do ex-presidente nas redes sociais. Malafaia afirmou que mais de 100 parlamentares confirmaram presença no ato e que o senador Magno Malta (ES) e os deputados federais Nikolas Ferreira (MG) e Gustavo Gayer (GO), correligionários de Bolsonaro, farão discursos no trio elétrico, além dele próprio e do ex-presidente.

Essa não será a primeira vez que Bolsonaro e Malafaia dividem um trio elétrico. Em 7 de setembro de 2022, impedido de pedir votos em eventos oficiais, Bolsonaro discursou em caminhão de som alugado pelo pastor após o encerramento do evento dos militares, no Rio de Janeiro (RJ).