Após obra no Teatro Oficina ser questionada pelo Iphan, Grupo Silvio Santos emite comunicado
Terreno ao lado do ponto cultural é motivo de embate há 40 anos; no começo do mês, obra realizada nas primeiras horas do dia reacendeu a discussão
O Grupo Silvio Santos diz que enviou ao Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan) um ofício em que há esclarecimentos sobre a obra que tapou arcos cênicos no Teatro Oficina, no bairro paulistano da Bela Vista. O ponto cultural é vizinho a um terreno que pertence ao GSS e motivo de embates há anos. Na mesma operação, uma escada metálica foi retirada do local.
Em nota, o grupo afirmou que "está seguro de ter agido no estrito cumprimento das leis e das decisões judiciais". Ainda diz que aguardará "análise técnica dos órgãos competentes". O grupo, contudo, não revelou o teor do ofício encaminhado ao orgão de patrimônio que havia pedido esclarecimentos sobre o serviço no local.
Antes de realizar o pedido de esclarecimento, o Iphan encaminhou técnicos para vistoriar o local, um dia após as obras do GSS. Na ocasião, a Secretaria de Cultura do Estado e o Teatro Oficina, também foram demandados a apresentar documentação sobre o Oficina.
O episódio é o mais recente desdobramento de uma briga que se estende há mais de 40 anos (entre a companhia e o grupo empresarial) em relação ao uso da área vizinha ao teatro. O GSS tem projetos de erguer torres residenciais no local. Já a companhia teatral afirma que essa construção desfiguraria a arena de espetáculos, com amplas janelas com vista para a cidade, um elemento das criações teatrais do local.
Em meio ao embate, também instalou-se uma discussão para que se institua um parque na área vizinha ao teatro, onde hoje funciona um estacionamento. O edifício cênico foi desenhado por Lina Bo Bardi e Edson Elito e conta com tombamentos em diferentes épocas.
No último dia 5 de fevereiro, a briga voltou a reaquecer por conta da obra realizada pelas empresas ligadas ao dono do SBT. Nas primeiras horas da manhã, homens realizaram o fechamento de dois arcos cênicos (com tijolos) e levaram uma escada metálica que permitia o acesso do oficina à área externa que pertence ao GSS.
Na ocasião, o advogado do Teatro Oficina, Juca Novaes, avaliou que a alteração nos arcos deveria somente ocorrer após aval dos orgãos de tombamento, o que não teria ocorrido.
Após o caso, o Iphan emitiu uma nota afirmando que em 2010, foram "definidas as medidas que garantem a preservação do imóvel, o que implica na necessária aprovação, pela Superintendência do Iphan em São Paulo, de qualquer obra de intervenção direta ou indireta no bem ou no seu entorno".