Afeganistão

Comunidade internacional busca reunião com talibãs sobre Afeganistão

Desde o retorno dos talibãs ao poder no Afeganistão em 2021, a comunidade internacional tem tentado resolver a questão

Secretário-geral da ONU, António Guterres - Ed Jones / AFP

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou nesta segunda-feira (19) que os enviados internacionais para o Afeganistão esperam a participação dos talibãs em futuras reuniões, após terem rejeitado um convite para negociações em Doha.

Guterres indicou em uma coletiva de imprensa que os delegados discutiram "a criação de condições para obter a presença das autoridades de fato do Afeganistão em uma próxima reunião", após sua recusa em participar na conferência de dois dias organizada em Doha.

Desde o retorno dos talibãs ao poder no Afeganistão em 2021, a comunidade internacional tem tentado resolver a questão.

A ONU convidou as autoridades talibãs a participar da reunião, depois de tê-las excluído de uma primeira reunião em maio.

No entanto, o governo de Cabul afirmou que não participaria das discussões, a menos que fosse o único participante em nome do Afeganistão nas reuniões, excluindo outros grupos da sociedade civil.

Uma segunda exigência foi que a delegação do governo talibã se reunisse com o secretário-geral da ONU e tivesse a oportunidade de apresentar a sua posição.

Guterres afirmou que recebeu uma série de condições dos talibãs em troca de sua participação, que "não eram aceitáveis".

"Estas condições nos privam antecipadamente do direito de falar com outros representantes da sociedade afegã", declarou, acrescentando que outros exigem um tratamento "semelhante ao reconhecimento".

O governo talibã em Cabul não foi oficialmente reconhecido por nenhum outro governo desde que assumiu o poder, principalmente porque impôs uma interpretação estrita do Islã e porque as mulheres estão sujeitas a leis descritas pela ONU como "apartheid de gênero".

Em reação, muitos governos, organizações internacionais e agências humanitárias cortaram ou reduziram enormemente o financiamento ao Afeganistão, afetando a sua economia já em dificuldades.

"Um dos nossos principais objetivos é sair deste impasse", declarou Guterres.