Brasil compra mais do que vende para Israel, país com o qual trava embate sobre ataques em Gaza
País do Oriente Médio é fornecedor de altas tecnologias para o Brasil, como equipamentos de defesa
A relação comercial do Brasil com Israel, país com o qual enfrenta uma crise diplomática, é desequilibrada. Do total de US$ 339 bilhões exportados em 2023, apenas 0,2%, ou US$ 661,9 milhões, foram para os israelenses. Na outra não, de tudo que foi importado no ano passado, US$ 240 bilhões, 0,6%, (US$ 1,352 bilhão) veio daquele país. Com isso, o Brasil teve um déficit comercial de US$ 690 milhões no intercâmbio de bens com os israelenses.
Os dados, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), mostram que, sob o ponto de vista meramente numérico, as relações comerciais são bem abaixo de outros países e não devem ser afetadas, a curto prazo, pela crise diplomática. Por outro lado, o Brasil precisa de altas tecnologias e Israel é um importante mercado. Um exemplo é a dependência brasileira da tecnologia israelense para a produção de aeronaves como o Gripen, da sueca Saab.
A crise diplomática foi desencadeada com uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Holocausto. No último domingo, Lula comparou os ataques a palestinos na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus, pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial. Como resposta, o governo israelense declarou Lula persona non grata.
O que Israel compra do Brasil
Israel é um grande importador de alimentos do Brasil. Foram exportados US$ 662 milhões para aquele país no ano passado, com destaque para petróleo, soja e carne bovina.
O que Brasil compra de Israel
Israel vende ao mercado brasileiro equipamentos militares e de alta tecnologia. Também exporta para o Brasil produtos como adubos e fertilizantes, aeronaves e produtos químicos. As empresas brasileiras compraram US$ 1,352 bilhão de Israel no ano passado.
O que dizem especialistas
Para especialistas em comércio exterior, as relações entre Brasil e Israel só serão afetadas se a crise se prolongar.
"Não acredito que as relações comerciais possam ser prejudicadas neste momento, a não ser que a crise entre Lula e Israel não se resolva e cresça ainda mais" afirma Horário Ramalho, cientista político e consultor em relações governamentais.
Para o consultor internacional e ex-secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, se o impasse demorar, é provável que haja suspensão de investimentos israelenses no Brasil. Porém, ele acredita que ainda é cedo para uma previsão nesse sentido.
"A parte comercial, acho difícil ser atingida. Mas se essa crise perdurar, os investimentos poderão ser afetados" disse Barral.
Volume triplicou
O presidente da Câmara Brasil-Israel, Renato Ochman, disse que Brasil e Israel triplicaram o volume da balança comercial nos últimos anos.
"Não podemos subestimar a importância dos produtos importados de Israel para o Brasil, especialmente no que diz respeito à tecnologia avançada, a qual desempenha um papel fundamental em áreas como medicina, segurança e inteligência" completou.