"Era melhor ele ter me matado", afirma mãe de Marcos Laurindo; caso do jovem morto por PMs é julgado
Mãe presenciou o homicídio do filho e é uma das principais testemunhas do caso
Aguardando o julgamento do caso de homicídio do filho desde 2013, a mãe de Marcos Laurindo vive momentos de angústia enquanto espera pelo desfecho do caso. Com 62 anos, ela é uma das principais testemunhas do julgamento que acontece nesta terça-feira (20), no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, no Centro do Recife.
Para ela, os últimos anos têm sido de medo e de constante vigilância depois que o filho, Marcos Laurindo, de 21 anos, foi morto por um policial militar no dia 16 de maio de 2013, na comunidade Bola na Rede, na Guabiraba, Zona Norte do Recife.
“Eu espero justiça e que ele pague pelo que fez. Eu tenho medo de que ele continue solto e faça alguma coisa comigo ou com a minha família”, afirmou em depoimento no julgamento sobre o caso.
A fala da mãe é sobre o PM Diogo Pereira de Barros, responsável pelos disparos em Marcos. Segundo a testemunha, o policial já teria ameaçado o jovem de morte anteriormente.
Na ocasião, a mãe teria acionado a Polícia Militar para o filho, que estaria agitado dentro de casa e quebrando móveis da residência. Os episódios aconteciam quando a vítima misturava remédio controlado com bebida.
“Eu liguei para o 190. Quando chegaram, um dos policiais era Diogo. Marcos entrou na viatura e pediu pra que eu não deixasse levarem ele preso. Foi aí que eu pedi pra soltar. Nessa hora, Diogo disse: 'Eu vou soltar dessa vez, mas, da próxima, eu vou vir para matar'", declarou a mãe.
Na vez seguinte em que a mãe encontrou com Diogo, o PM estava com a arma em punho apontada para Marcos.
“Era melhor ele ter me matado do que ter me deixado viva e com esse homem solto”, afirmou a idosa.
A mulher foi a quarta testemunha a ser ouvida nesta terça. Além dela, também prestaram depoimento o pai da vítima e dois frequentadores de um bar onde Marcos teria bebido durante a noite do crime.
Uma quinta testemunha, solicitada pelo Ministério Público, também prestará depoimento. Em seguida, o julgamento deverá prosseguir com o depoimento dos policiais militares. A sessão é presidida pela juíza Maria Segunda Gomes de Lima.