INTERNACIONAL

"Vamos trabalhar juntos", diz Antony Blinken após reunião com Lula no Planalto

Encontro durou 1h50 e ocorre em meio a uma crise diplomática com Israel, aliado de Washington, após Lula comparar a guerra em Gaza ao Holocausto

Presidente Lula, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken - Reprodução/X

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta quarta-feira (21), no Palácio do Planalto, com o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken. Na saída do encontro, que durou 1h50min, Blinken afirmou que os dois países estão trabalhando juntos de forma bilateral e global, e disse ser grato pela “amizade” com o Brasil.

"Foi uma ótima reunião, estou muito grato ao presidente pelo seu tempo. Foi uma ótima reunião e Estados Unidos e Brasil estão fazendo importantes coisas juntos. Estamos trabalhando juntos bilateralmente, regionalmente, globalmente. É uma parceria importante e somos gratos pela amizade" declarou a jornalistas.

O Palácio do Planalto ainda não informou oficialmente os temas discutidos no encontro. A embaixada dos Estados Unidos, no entanto, antecipou que seriam tratados assuntos bilaterais e globais, como o apoio do país à presidência do Brasil no G20. Esta é a primeira visita de Blinken como secretário de Estado ao país. Neste ano, os países celebram 200 anos de relações diplomáticas.

O encontro ocorre em meio a uma crise diplomática com Israel, aliado de Washington, após o presidente brasileiro ter comparado a guerra em Gaza ao Holocausto no último domingo. O governo Lula avalia ter dado uma resposta à altura das “provocações” feitas ao presidente por autoridades israelenses e, de acordo com interlocutores do chanceler brasileiro, Mauro Vieira, a ordem agora é não tomar novas medidas que possam escalar a crise diplomática.

Novas reações, como a possibilidade de expulsão do embaixador de Israel em Brasília, revelado pela colunista Malu Gaspar, do Globo, ou ao fechamento da embaixada em Tel Aviv, segundo auxiliares de Vieira, seriam adotadas em caso extremo, na hipótese de o país do Oriente Médio tomar novas atitudes hostis. Um integrante do Itamaraty disse não ser intenção do governo expulsar o embaixador israelense, Daniel Zonshine, mas que a decisão não depende só do Brasil.

A diplomacia brasileira decidiu priorizar a reunião de chanceleres do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, que ocorre nesta quarta-feira no Rio de Janeiro. O Brasil vai defender a reforma dos organismos internacionais, com ênfase para o Conselho de Segurança da ONU. Blinken participará de uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G20 entre quarta e quinta-feira no Rio. Ele chegou a Brasília na terça, no início de uma viagem que ainda o levará à Argentina.

Apesar dos convites do Planalto, o presidente americano, Joe Biden, nunca veio ao Brasil desde que assumiu a Casa Branca, em 2021. No ano passado, uma das primeiras viagens internacionais de Lula foi a Washington para se encontrar com o democrata. Os dois líderes compartilham objetivos na luta contra as mudanças climáticas, na defesa dos direitos dos trabalhadores e nos valores democráticos, mas há muitos outros temas que os separam, começando pela Ucrânia.

Lula se opõe à política de isolamento da Rússia adotada por Washington desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Além disso, Brasil e EUA também discordam sobre a Venezuela. O petista permanece em silêncio, ao contrário dos americanos, diante dos obstáculos impostos a alguns candidatos opositores ao presidente Nicolás Maduro para que participem das eleições venezuelanas.