Após fala de Lula sobre Israel, deputado pede que presidente seja persona non grata no Mato Grosso
Apoiador de Bolsonaro, Gilberto Cattani (PL) justificou projeto de lei não só pela declaração sobre guerra em Gaza mas também por discursos antigos do presidente
Depois da polêmica declaração sobre a guerra em Gaza, Lula virou alvo da bancada bolsonarista do Mato Grosso. O deputado estadual Gilberto Cattani (PL) protocolou nesta quarta (21) um projeto de lei para transformar o presidente em persona non grata no estado. O parlamentar defendeu a medida não só pela comparação que Lula fez entre os ataques de Israel sobre Gaza e o Holocausto, mas também por discursos antigos, inclusive referentes ao agronegócio e críticas políticas.
Na justificativa, Cattani destacou 18 falas do presidente, começando pela recente declaração sobre Israel, a qual considerou "inadvertida e inoportuna". Por causa da fala, Lula foi considerado persona non grata em Israel, e agora Cattani deseja a mesma classificação pelo Mato Grosso, que é governado por Mauro Mendes (União Brasil), apoiador de Bolsonaro.
O deputado também lembrou quando Lula afirmou, em 2022, que parte do agronegócio "é fascista e direitista" e elencou até um momento em que o presidente chama o impeachment de Dilma como golpe. As falas criticadas pelo deputado bolsonarista são de variados temas, desde política externa, como a guerra entre Ucrânia e Rússia; ideologia política, como defesa do comunismo; e de defesas de movimentos sociais, quando Lula disse que militantes devem pressionar parlamentares em prol de pautas específicas.
Cattani também colocou falas descontextualizadas, afirmando, por exemplo, que Lula teria "agradecido os 350 anos de escravidão". No evento em questão, o presidente estava elogiando a população negra descendente da África.
Declaradamente bolsonarista, Gilberto Cattani foi autor da proposição que concedeu ao ex-presidente a Comenda Filinto Muller, a maior honraria da Assembleia Legislativa do Mato Grosso. Em sua biografia no site da assembleia, Cattani também se define como "discípulo de Olavo de Carvalho". Oriundo de um assentamento rural, Cattani era produtor de leite e em 2020 publicou livro “A Socialização da Reforma Agrária e a Distribuição da Miséria”.
Em 2022, o Ministério Público do Mato Grosso pediu a investigação de Cattani após ele ter publicado uma foto de uma criança armada. Antes, ele já havia levantado grande polêmica ao afirmar nas redes sociais que ser gay ou homofóbico são questões de "escolha".