Rússia anuncia novas conquistas territoriais na Ucrânia após dois anos de ofensiva
Nesta quinta-feira, o Ministério russo da Defesa anunciou a conquista da localidade de Pobeda, cerca de cinco quilômetros a oeste de Donestk
A Rússia reivindicou nesta quinta-feira novas conquistas territoriais no leste da Ucrânia, que exige mais armas e munição para recuperar o fôlego, em um conflito que está às vésperas de completar três anos.
Esta conquista surge após a tomada de Avdiivka no último final de semana, uma cidade no leste ucraniano que há meses tem sido alvo de uma ofensiva russa, dando a Moscou o seu primeiro grande avanço territorial após meses de estagnação.
O confronto por esta localidade, sua primeira conquista importante desde a de Bakhmut, também no leste, em maio de 2023, foi um dos mais sangrentos desde o início da ofensiva russa lançada em fevereiro de 2022. Nesta quinta-feira, o Ministério russo da Defesa anunciou a conquista da localidade de Pobeda, cerca de cinco quilômetros a oeste de Donestk.
"As unidades do Grupo de Forças do Sul libertaram a localidade de Pobeda", afirmou o ministério, afirmando que o Exército conseguiu melhorar suas posições na mesma região, nas proximidades de Novomijailivka e Krasnogorivka.
Kiev, entretanto, não confirmou até o momento a perda de Pobeda e se limitou a afirmar que está "combatendo na região". Na terça-feira, Moscou reivindicou a tomada da cidade de Krynky (sul), ocupada pelas forças ucranianas na margem oriental do rio Dnieper e onde haviam estabelecido uma "cabeça de ponte" em outubro do ano passado.
O Exército de Kiev afirmou, por sua vez, que "matou ou feriu gravemente" em torno de 60 soldados russos em um ataque contra um campo de treinamento na parte ocupada da região de Kherson, na segunda-feira. A ofensiva foi confirmada no Telegram por especialistas militares russos próximos às forças militares.
De acordo com a Ucrânia, a Rússia está sofrendo grandes perdas, mas ainda possui mais soldados e armamentos, após direcionar toda a sua economia aos esforços bélicos.
Escassez de munição
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, declarou na última segunda-feira que seu país está em uma posição "extremamente difícil", uma vez que o Exército ucraniano enfrenta múltiplos ataques no leste e no sul. A escassez de munições também é um problema, após uma diminuição na ajuda de seus aliados ocidentais, sobretudo dos Estados Unidos, bloqueada pelos congressistas republicanos.
Em entrevista à Fox News, emissora de TV de referência para os conservadores americanos, Zelensky pediu que o Congresso desbloqueie a ajuda, argumentando que o preço de ajudar Kiev agora é mais baixo do que o de tentar neutralizar um Putin eventualmente vitorioso na Ucrânia.
Na mesma linha, expressou-se o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, que escreveu uma carta aos ministros das Relações Exteriores e da Defesa da União Europeia para pedir munição "com urgência, e em quantidades enormes". "Os atrasos na entrega de munição têm um custo em matéria de vidas humanas e de enfraquecimento da capacidade de defesa da Ucrânia", ressaltou.
Essas entregas também encontram um obstáculo inesperado na Polônia, onde agricultores bloqueiam a fronteira em protesto contra o que consideram uma concorrência desleal dos produtos agrícolas ucranianos. O chanceler da Ucrânia, Dmitro Kuleba, viajou hoje a Varsóvia, onde o primeiro-ministro, Donald Tusk, comprometeu-se a designar as passagens fronteiriças como "infraestrutura crítica" e "garantir 100% do envio de ajuda militar e humanitária".
14 milhões de deslocados
Segundo a ONU, mais de 14 milhões de ucranianos, quase um terço da população do país antes da guerra, foi forçada a deixar suas casas desde o início dos confrontos em 24 de fevereiro de 2022.
Quando a ofensiva completou dois anos, o Reino Unido, um dos principais aliados de Kiev, anunciou sanções contra mais de 50 personalidades e empresas russas, além de ter realizado o envio de novos mísseis à Ucrânia.
Este novo pacote de sanções visa fabricantes de munições, mísseis e explosivos, empresas de eletrônica e comerciantes de diamantes e petróleo. O objetivo é "reduzir" o arsenal de armas do presidente russo, Vladimir Putin, informou a diplomacia britânica.