Latam atribui queda de 53,5% no lucro em 2023 a efeitos "contábeis" de recuperação judicial
Empresa encerrou processo de reestruturação nos Estados Unidos em 2022; lucro no acumulado do ano passado foi de US$ 582 milhões
A Latam reportou nesta quinta-feira que encerrou o ano de 2023 com lucro líquido de US$ 581,5 milhões, uma queda de 53,5% em relação ao ano anterior. O resultado, segundo a companhia, foi influenciado pelo efeito "contábil" das negociações que envolveram a recuperação judicial feita nos Estados Unidos, e que foi encerrada em 2022.
No quarto trimestre de 2023, a empresa apresentou lucro líquido US$ 82,9 milhões, um tombo de 95% em relação ao mesmo período do ano anterior. De acordo com a Latam, o processo de reestruturação nos EUA gerou ganhos contábeis em 2022 que resultaram em "impactos não operacionais positivos" no balanço passado, o que pesou na queda apresentada nesta quinta-feira.
Ramiro Alfonsín, vice-presidente sênior de finanças do grupo Latam Airlines, explicou que a diferença foi resultado das negociações celebradas pela companhia no processo de reestruturação de dívidas, durante o Chapter 11 (lei de falências dos EUA) e que foram contabilizadas em 2022.
— No quarto trimestre de 2022 foi preciso contabilizar o impacto contábil de todas as renegociações de dívida e de alguns contratos que foram celebrados durante o Capítulo 11. Isso gerou um resultado positivo meramente contábil em 2022. Se tivéssemos isolado isso, veríamos que o resultado da companhia em 2022 teria sido negativo. Agora voltamos ao resultado positivo. Em 2023, não há impacto nenhum no Capítulo 11. É pura geração de valor da companhia.
A receita da companhia no quarto trimestre do ano passado somou US$3,2 bilhões, alta de 18,5% em relação ao mesmo período anterior. A empresa também reduziu pela metade o nível de alavancagem (relação da dívida em relação ao capital).
No ano, o Ebitda ajustado foi de US$ 2,53 bilhões, alta de 92,7%. Nos resultados apresentados ao mercado, a companhia informou ainda que encerrou 2023 com geração de US$498 milhões em caixa.
Segundo Ramiro Alfonsín, "todas as negociações de dívidas e contratos" foram refletidas em 2022 e não há efeito no balanço da companhia para o ano de 2023, "apenas o lucro operacional". Com o resultado, a empresa chilena voltará a distribuir dividendos pela primeira vez em quatro anos, valor que deve ser de ao menos 30% do lucro líquido, ainda sujeito à aprovação dos acionistas.
Novas aeronaves para a frota
Em relação ao transporte de passageiros, a Latam informou que retomou os níveis pré-pandemia, com 74 milhões de pessoas que voaram pela companhia, uma alta de 18,3%. No Brasil, foram 33 milhões de passageiros, uma alta de 15%.
Entre os planos para manter a expansão da operação no próximo ano, a empresa informou que pretende incorporar novas aeronaves na frota. Ao longo de 2023, a empresa recebeu 30 novos aviões. O objetivo, para 2024, é incorporar ao menos dezesseis novos aviões. Ao menos a metade delas deve ser incorporada na operação brasileira, a depender as condições de crescimento do mercado.
Perguntado sobre as acusações da Gol feitas no processo de recuperação judicial nos EUA, em que a companhia acusa a Latam de "ações predatórias" para adquirir aviões, o CEO da empresa no Brasil, Jerome Cadier, afirmou que a empresa vem "há meses" buscando aviões.
— Não é novidade que a gente cresceu bastante no ano de 2023 e vai buscar crescimento no ano de 2024. Estamos há vários meses buscando aviões em contato permanente e sempre ativo com arrendadores e fornecedores de equipamento e manutenção A gente precisa garantir a quantidade necessária para esse crescimento. Esse é o nosso foco, garantir o crescimento para o ano de 2024.
Para 2024, a empresa projeta crescimento de 7% a 9% em suas operações de passageiros no Brasil. No ano passado, 21 novas rotas foram lançadas, sendo a maior parte para destinos internacionais, incluindo as rotas São Paulo-Miami e Nova York-Rio de Janeiro.