BRASIL

Cochichos entre Lula e Lira e bolsonaristas "vetados": nove bastidores da posse de Dino no STF

Embora curta e sem grandes pompas, cerimônia teve momentos curiosos, presenças inesperadas e ausências marcantes

Flávio Dino - Lula Marques/Agência Brasil

A posse de Flávio Dino como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira, reuniu autoridades e nomes de lados opostos do espectro político. Embora curta e sem grandes pompas, a cerimônia teve momentos curiosos, presenças inesperadas e ausências marcantes.

Veja abaixo nove bastidores marcantes do evento.

1- Cochichos entre Lula e Lira
Durante a solenidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sentaram lado a lado. Embora a relação entre os dois tenha passado por momentos de turbulência desde o início do terceiro mandato do petista, o clima foi de descontração: entre risadas, a dupla também trocou cochichos rápidos ao pé do ouvido, de modo a não atrapalhar os discursos da cerimônia.

2- Collor atrás de Toffoli
Com julgamento suspenso no STF, que o condenou a oito anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no ano passado, o ex-presidente Fernando Collor também marcou presença e chegou a ser saudado pelo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso. Curiosamente, o ex-senador sentou-se pouco atrás de Dias Toffoli, ministro que, em fevereiro, pediu vista na apreciação de recursos apresentados pela defesa de Color contra a condenação — o que, por ora, impede o cumprimento imediato da pena.

3- Investigados 'em casa'
Além de Collor, outros políticos alvos de apurações no STF não se furtaram de comparecer à Corte para a posse de Dino. Nomes como Renan Calheiros, Romero Jucá e Davi Alcolumbre circularam pelos corredores do Supremo na tarde desta quinta-feira.

4- Gracejos de Barroso
Ao discursar, o presidente o STF, Luís Roberto Barroso, brincou com a trajetória profissional de Dino, que foi deputado, governador, senador e ministro de Lula após deixar a magistratura federal em 2006: "Agora é sem volta", disse Barroso. O novo integrante da Corte, vale lembrar, ensaiou um possível retorno à política, depois da aposentadoria compulsória no Supremo aos 75 anos, em seu último discurso no Congresso essa semana.

5- Ibaneis prestigia
Governador do Distrito Federal e próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Ibaneis Rocha (MDB) marcou presença na cerimônia. Ele foi alvo de críticas de novo membro da Corte por ter mudado de última hora o esquema de segurança no dia dos atos golpistas do 8 de janeiro. Ao ser afastado temporariamente do cargo pelo STF após os ataques, Ibaneis foi substituído por Ricardo Capelli, então braço direito de Dino no Ministério da Justiça.

6- Bolsonaristas presentes
Além de Ibaneis, outros governadores alinhados a Bolsonaro também prestigiaram a solenidade. Cláudio Castro (PL), do Rio, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, não chegaram a aparecer em registros com Dino, mas estiveram no plenário.

 

7- 'Vetados'
Outros governadores de oposição, porém, não foram sequer convidados: Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Ratinho Júnior (PSD), do Paraná; Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina; e Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul. Todos informaram ao Globo que não identificaram em seus endereços oficiais o recebimento de chamado para a cerimônia.

8- Doria 'soltinho'
Já o empresário e ex-governador de São Paulo João Doria, que antagonizou com o PT durante sua vida política, conversou em tom tranquilo com membros do partido, como o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e o deputado federal Henrique Fontana (RS). O ex-tucano chegou a emitir sonoras gargalhadas.

9- 'Rival' ausente
Uma ausência sentida na solenidade foi a do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, que, ao lado de Dino, foi tratado como um dos favoritos para a vaga no STF até a escolha final de Lula. Como mostrou o portal Metrópoles, Dantas justificou que está em viagem oficial no Marrocos, marcada desde antes da decisão do petista ser anunciada. O cerimonial, contudo, deixou a cadeira vazia no plenário durante a cerimônia.