BRASIL

Lula brinca com discurso duro de Lira e presidente da Câmara diz estar aberto a ajudar o governo

Reunião no Alvorada teve participação de representantes de todos os partidos com assento na Esplanada

Sessão solende da posse de Flávio Dino no STF - Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu na noite desta quinta-feira em um happy hour no Palácio da Alvorada ministros, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e lideranças de partidos da base na Casa. Ao discursar, Lira, segundo presentes, disse que o Parlamento estava aberto a ajudar o governo e celebrou os entendimentos com o Executivo. Lula, por sua vez, brincou com o discurso duro feito pelo presidente da Câmara na abertura do ano legislativo, no dia 5 de fevereiro.

O encontro, um gesto de aproximação em um momento em que o governo acumula insatisfações no Congresso, durou cerca de duas horas e meia e teve clima descontraído. Foram servidos uísque, cerveja e vinho. Para comer, pastéis e queijos. Além de Lira, também discursaram Lula e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). O ministro da Secretaria Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, com quem Lira rompeu o diálogo, não falou. A SRI é responsável pela relação do governo com o Congresso.

Durante o seu discurso, Guimarães elogiou a boa relação com Lira e agradeceu ao presidente da Câmara pelos projetos aprovados no ano passado. Lula, em tom de brincadeira, o interrompeu e perguntou:

— E aquele discurso que ele fez?

Os políticos presentes, inclusive Lira, riram e o líder do governo continuou com a sua fala. O ministro mais citado pelo presidente em seu discurso foi Fernando Haddad. Lula agradeceu ainda o apoio do Congresso nas “pautas complexas” enviadas pelo titular da Fazenda no ano passado. O petista também fez elogios a Padilha e Guimarães. O mandatário disse que 2024 será um ano promissor. Falou que pretende promover novos encontros com os deputados e que chamará o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para fazer churrasco.

 

A reunião ocorreu depois de Lira ter feito um duro discurso na abertura do ano legislativo,no dia 5 de fevereiro, em que cobrou o cumprimento de acordos firmados e elevou a tensão na queda de braço pelo controle das contas públicas ao dizer que a peça orçamentária "pertence a todos e não apenas ao Executivo".

Na noite desta quinta-feira, Lira mudou a linha, de acordo com os participantes da reunião. Também em tom de brincadeira, disse que estava com saudade de Lula e que, quando passa muitos dias sem falar com ele, fica nervoso. Mas tanto essa fala do presidente da Câmara como a referência feita por Lula ao discurso da abertura do ano legislativo, foram entendidas no Planalto como recados passados durante a reunião.

— (Lira passou mensagem) de compromisso, de que esse momento de ampliação de diálogo é realmente muito importante. Agradeceu ao líder Guimarães, que fez referência a ele. Falou do comportamento do presidente Lula. Foi algo bem importante — contou o líder do PSB, Gervásio Maia (PB).

Já Lula, segundo Gervásio, agradeceu ao desempenho da Câmara durante todo o ano de 2023 e disse que os resultados da economia foram fruto da relação do Executivo e do Legislativo. Também se comprometeu a estar mais próximo dos deputados.

— O presidente (Lula) disse que vai ter uma proximidade maior, vai dialogar mais, vai ser meio que uma rotina.

Além de Haddad e Padilha, participaram também os ministros Paulo Pimenta (Comunicação Social), Rui Costa (Casa Civil) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia). De acordo com uma lista divulgada pela Secretaria de Comunicação Social, a reunião teve um total de 25 participantes. Estiveram presentes representantes de todos os partidos com assento na Esplanada. Entre os líderes, compareceram, entre outros, Elmar Nascimento (União-BA), Antonio Brito (PSD-BA), Isnaldo Bulhões (MDB-AL), Dr. Luizinho (PP-RJ), Odair Cunha (PT-MG). Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder da maioria, também foi à residência oficial do presidente da República.

Após os discursos, se formaram rodinhas informais. Nesse momento, Lula conversou sobre a formação da bancada negra na Câmara com o deputado Damião Feliciano (União-PB) e discutiu a eleição deste ano em Recife com o prefeito da cidade, João Campos, que participou como representante do PSB. Haddad falou dos projetos da Fazenda e Rui Costa, da execução do orçamento.

No grupo de 25 presentes, apenas Gleisi e a ministra Luciana Santos eram mulheres. A primeira-dama Janja não participou.