ACIDENTE

Como é possível morrer em decorrência de um engasgo, como ocorreu com o ex-piloto de Fórmula 1?

Engasgo é a causa da morte de cerca de 3 mil pessoas por ano no Brasil

Morre Wilson Fittipaldi, ex-piloto de Fórmula 1, aos 80 anos - Reprodução/ Instagram

O ex-piloto de Fórmula 1 Wilson Fittipaldi Júnior morreu nesta sexta-feira (23), vítima de complicações por uma parada cardíaca sofrida em dezembro do ano passado após um engasgo. Ele foi internado em 25 de dezembro de 2023, no Hospital Prevent Senior, na Zona Sul de São Paulo.

O ex-piloto se engasgou com um pedaço de carne e sofrer parada cardíaca durante um almoço de Natal. Na ocasião, ele também celebrava seu aniversário de 80 anos. Ele era irmão mais velho do bicampeão mundial Emerson Fittipaldi.

Apesar de parecer normal, o engasgo é a causa da morte de cerca de 3 mil pessoas por ano no Brasil. Além de provocar uma tosse incessante, se não for tratado pode causar uma asfixia causada pela obstrução das vias respiratórias e que pode fazer com que a pessoa tenha uma parada cardiorrespiratória, desmaie e levando ao óbito.

O engasgo nada mais é do que a resposta do organismo para tentar expelir um corpo que entrou “pelo caminho errado” na hora de engolir a comida. Esse erro é evitado graças a uma estrutura chamada epiglote, localizada atrás da língua, que funciona como uma válvula. Ela normalmente permanece aberta, para que o ar entre na traqueia e chegue aos pulmões. Mas, na hora de engolir, essa estrutura se fecha para que a comida não entre nas vias respiratórias, e sim no caminho para o estômago.

O que fazer nesses casos?
Quando ocorre uma respiração no meio do momento de engolir, ou alguma outra prática que leve a epiglote a agir de forma diferente do que deveria, o alimento entra na parte errada e passa a obstruir a respiração. Com isso, o corpo reage, na forma do engasgo.

Normalmente não há grandes problemas, e o corpo estranho é expelido. Mas, quando a pessoa não consegue desengasgar, a situação demanda a ajuda de terceiros para evitar quadros graves.

A forma mais utilizada para desengasgar uma pessoa é a manobra de Heimlich. Ela envolve uma pressão, realizada por uma outra pessoa que não esteja engasgando, na região da boca do estômago (região epigástrica) para ajudar o corpo a expelir o alimento, ou objeto, que esteja obstruindo a traqueia.

De acordo com o Ministério da Saúde, a outra pessoa deve se posicionar por trás da que está se engasgando e abraçá-la na região do abdômen. Nessa hora, uma das mãos deve permanecer fechada na área da boca do estômago, como formando um punho, enquanto a outra mão é posicionada sobre ela, comprimindo-a.

Então, é preciso realizar um movimento de gancho, empurrando a área da boca do estômago para dentro e para cima, como se fosse levantar a pessoa que está engasgando do chão. Isso deve ser feito repetidas vezes até que o alimento, ou objeto, seja expelido pela vítima. Em crianças, é necessário ajoelhar-se antes de dar início ao protocolo, para ficar na altura correspondente.

Se a vítima for um bebê, com menos de um ano de idade, essa manobra não é aconselhada. Nesse caso, deve-se colocar o bebê de bruços em cima do seu braço, levemente inclinado para baixo, e fazer cinco compressões no meio das costas, na região entre as escápulas. Caso ainda assim o bebê não desengasgue, a pessoa deve virá-lo para cima e realizar mais cinco compressões sobre o osso que divide a região do peito, o esterno.

Mesmo com as manobras, é importante que a emergência médica tenha sido chamada. E, claro, as duas manobras aplicam-se apenas para vítimas conscientes. Caso o engasgo leve rapidamente a pessoa para um estado de inconsciência, a primeira atitude a ser tomada deve ser chamar a ajuda médica. Se a vítima não for rapidamente socorrida, o índice de mortalidade pode chegar a 40%.

Como evitar?
Na hora das refeições, mastigar devagar é essencial para evitar o engasgo, assim como as realizar sentado. Cortar pequenos pedaços e fracionar bem os alimentos no garfo também são ótimas dicas, bem como não engolir comprimidos e cápsulas a seco, prefira sempre com água.

Refluxos gastroesofágico e síndrome da apneia obstrutiva do sono não tratados também são grandes aliados no engasgo e devem ser acompanhados por profissionais. O excesso de café, álcool, comidas quentes e tabagismo também devem ser tratados com atenção, pois induzem inflamações relaxamentos e fechamentos anormais da epiglote.