GUERRA ISRAEL-HAMAS

Bombardeios israelenses em Gaza antes de negociações para trégua com o Hamas

Segundo o Hamas, 100 palestinos morreram nas últimas 24 horas

Ondas de fumaça após o bombardeio israelense na vila de Shihin, no sul do Líbano - Kawnat Haju/AFP

Uma delegação israelense liderada pelo diretor do Mossad pretende desbloquear este sábado (24) as negociações para uma trégua em Gaza, onde quase 100 palestinos morreram nas últimas 24 horas em bombardeios de Israel, segundo o Hamas.

David Barnea, diretor da agência israelense de inteligência externa, desembarcou na capital francesa na sexta-feira com a meta de avançar em direção a um novo cessar-fogo que inclua a libertação dos reféns que continuam em Gaza.

A situação no pequeno território, governado pelo movimento islamista palestino Hamas desde 2007, piora a cada dia. A ONU alertou para o risco de "fome em larga escala" devido à escassez de alimentos e de água provocada pelo cerco israelense.

As negociações em Paris acontecem depois da apresentação, por parte do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, de um plano "pós-guerra" para Gaza, um projeto que recebeu críticas dos Estados Unidos, aliado chave de Israel.

A proposta, que sugere que Israel mantenha o "controle da segurança" no território e na Cisjordânia ocupada, foi rejeitada pelo Hamas e pela Autoridade Palestina.

O movimento islamista, classificado como organização "terrorista" por Estados Unidos, Israel e União Europeia, denunciou neste sábado que o Exército israelense executou mais de 70 bombardeios contra Deir al Balah, Khan Yunis e Rafah, no centro e sul de Gaza.

Nas últimas 24 horas, ao menos 92 pessoas morreram nos ataques israelenses, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Fome 
O conflito começou em 7 de outubro, após o ataque do Hamas ao sul de Israel que matou 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números divulgados pelas autoridades israelenses.

No mesmo dia, os milicianos islamistas sequestraram 250 pessoas. Mais de 100 foram trocadas em novembro por 240 palestinos que estavam presos em Israel. As autoridades israelense calculam que 130 permanecem como reféns em Gaza, incluindo 30 que teriam sido mortas.

Em resposta ao ataque, Israel iniciou uma ofensiva aérea e terrestre, que deixou 29.606 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Hamas.

Os confrontos entre milicianos islamistas e soldados israelenses acontecem em todo território.

"Não temos água nem farinha. Estamos muito cansados porque estamos com fome", disse Um Wajdi Alha, moradora de Jabalya, poucos quilômetros ao norte da Cidade de Gaza.

Netanyahu enfrenta uma pressão crescente após mais de quatro meses de uma guerra que deixou a maioria dos 2,2 milhões de habitantes de Gaza à beira da fome, segundo a ONU.

Negociações 
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, insistiu nesta sexta-feira que Israel comete um "genocídio" contra civis palestinos na Faixa de Gaza e voltou a defender a criação de um Estado Palestino "livre e soberano".

O projeto apresentado por Netanyahu, no entanto, não faz referência à criação de um Estado palestino independente e inclui, entre outras prerrogativas, a liberdade para o Exército israelense operar "em toda Faixa de Gaza, sem limite de tempo".

O enviado da Casa Branca, Brett McGurk, se reuniu durante a semana em Tel Aviv com o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, depois de conversar no Cairo com outros mediadores que se encontraram com o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh.

Uma fonte do movimento islamista afirmou que o novo plano de trégua propõe um cessar-fogo de seis semanas e a troca de entre 200 e 300 presos palestinos por 35 a 40 reféns israelenses.

O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, afirmou na quinta-feira que as negociações estavam em um bom caminho e Benny Gantz, integrante do gabinete de guerra israelense, mencionou os primeiros indícios da "possibilidade de avanços".