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Vacina: Ministério da Saúde envia nova leva, que devem começar oferta até 2ª semana de março

Com nova remessa, os 521 municípios selecionados para a campanha de 2024 terão recebido doses suficientes para começar a vacinação de crianças de 10 e 11 anos

A vacina contra a dengue Qdenga, da fabricante japonesa Takeda - Divulgação/Takeda

O Ministério da Saúde deu início, na última semana, à distribuição de uma segunda remessa com 523 mil doses da vacina da dengue para municípios de 10 estados que foram selecionados para a campanha de 2024. Com as novas unidades, todas as 521 cidades escolhidas terão unidades suficientes para começar o esquema vacinal de crianças de 10 e 11 anos até a segunda semana de março, diz a pasta.

As vacinas dessa nova leva são destinadas a 206 municípios da Bahia; do Espírito Santo; do Goiás; de Minas Gerais; do Mato Grosso do Sul; do Paraná; do Rio de Janeiro; de Roraima; de Santa Catarina e do Tocantins. Alguns locais, como a capital fluminense, já receberam as doses ainda na semana passada e deram início à campanha contra a dengue.

A primeira remessa do imunizante, com 712 mil aplicações, foi enviada pelo Ministério no último dia 8, mas apenas para 321 cidades (60% de todas as selecionadas) do Acre; da Paraíba; do Rio Grande do Norte; do Amazonas; do Maranhão; de São Paulo; de Goiás; da Bahia e do Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. Agora, as doses chegaram a todos os locais escolhidos, de 16 estados e Brasília.

O público-alvo completo da campanha neste ano engloba jovens de 10 até 14 anos, mas a pasta orienta começar pela vacinação daqueles de 10 a 11 devido ao número limitado de doses dessas duas levas, pouco mais de 1,2 milhão, e por essas idades representarem o maior índice de hospitalização pela dengue na faixa etária.

“Com o objetivo de ampliar o número de municípios e o acesso da população-alvo a receberem a primeira dose (D1) no menor tempo possível e diante do número limitado de doses disponíveis no momento, recomendamos que a vacinação seja iniciada pela administração de D1 para as idades de 10 e 11 anos. Desta maneira e com o envio desta segunda remessa, todos os municípios elencados dentro da estratégia receberão as doses até a segunda semana de março, ou antes conforme agendamento com o operador logístico”, diz nota técnica do ministério sobre a distribuição.

O documento diz ainda que “as doses destinadas para aplicação da segunda dose (D2) serão enviadas posteriormente, considerando o intervalo recomendado de 3 meses para completar o esquema da vacinação”. Além disso, o envio de novas unidades para começar a imunização dos jovens de 12 a 14 anos também será escalonado durante o ano.

Ao longo de 2024, o Ministério tem acordado com a Takeda, farmacêutica responsável pela vacina, a Qdenga, a entrega de 6,5 milhões de doses, quantidade suficiente para proteger 3,2 milhões de brasileiros. O número não é mais alto devido à capacidade produtiva do laboratório.

Por causa desse quantitativo limitado, foi escolhido o público-alvo de 10 a 14 anos para a campanha, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue depois dos idosos, que não podem ser incluídos já que o imunizante recebeu o aval da Anvisa apenas até 60 anos.

Também pelo baixo número de unidades, foram selecionadas somente 521 cidades para receberem a vacina. A delimitação foi baseada em três critérios: ter população superior a 100 mil habitantes; ter uma alta transmissão de dengue neste ano e em 2023 e ter maior predominância do sorotipo 2 do vírus, responsável pela maior parte dos casos hoje no Brasil.

Para o ano que vem, está acordado com a farmacêutica o envio de mais 9 milhões de unidades, suficientes para proteger outras 4,5 milhões de pessoas. Além disso, o Ministério já disse que "coordena um esforço nacional para ampliar o acesso a vacinas para dengue", atuando com Fiocruz e Butantan para viabilizar a produção de imunizantes no país.

No instituto paulista, por exemplo, já há uma vacina, em dose única, na fase final dos testes clínicos e que poderá ser produzida nacionalmente. Segundo dados publicados recentemente, a eficácia da aplicação foi de 79,6% para proteger contra a infecção ao longo de um período de dois anos, semelhante à da Qdenga.

A Qdenga foi aprovada pela Anvisa em março de 2023 para pessoas entre 4 e 60 anos. Nos estudos clínicos, o esquema de duas doses, aplicadas num intervalo de três meses entre elas, demonstrou uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações, e de 90,4% para prevenir casos graves.

A expectativa do Butantan é submeter o pedido de aprovação para uso à Anvisa no segundo semestre para, se receber o sinal verde, a dose ser disponibilizada a partir de 2025.

Vacina na rede privada
Enquanto a vacinação caminha devagar na rede pública, a Qdenga também pode ser encontrada na rede privada, em laboratórios, clínicas e farmácias, por valores que vão de R$ 350 a R$ 490 a dose, segundo levantamento do GLOBO. Como o esquema envolve duas aplicações, com um intervalo de três meses entre elas, o preço final fica de R$ 700 a R$ 980.

No entanto, a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVA) destaca que algumas unidades já relatam não ter mais a vacina em estoque. “Algumas clínicas privadas já relataram a falta do imunizante em algumas regiões devido à alta procura”, afirma a entidade em comunicado.

O motivo é a priorização por parte da farmacêutica da campanha no Sistema Único de Saúde (SUS), já que há uma limitação produtiva. O laboratório emitiu um comunicado em que afirma que o fornecimento na rede privada será restringido a apenas o necessário para completar o esquema vacinal daqueles que já receberam a primeira dose.

Alta da dengue
Segundo o último informe semanal do Ministério da Saúde, o Brasil registrou nas sete primeiras semanas de 2024, até o dia 17, uma alta de 315% nos casos de dengue em relação ao mesmo período do ano passado. No dia 23, de acordo com atualização do Painel de Monitoramento de Arboviroses, o total de diagnósticos já era de 762 mil, além de 150 mortes.

O número de casos em 2024 chama atenção por, em menos de dois meses, já representar 46% de todo o acumulado durante o ano de 2023 (1.658.816). O ano passado foi o segundo pior da série histórica em relação ao total de infecções, além de ter sido o mais letal.

Segundo projeções do Ministério, o país deve chegar a inéditas 4,2 milhões de infecções até o fim deste ano. O total representará uma alta de 149% em comparação ao ano com mais casos de dengue no Brasil, 2015, quando foram 1.688.688 de infecções.