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Eduardo Leite rejeita aliança do PSDB com Ricardo Nunes por associação a Bolsonaro

Para o governador gaúcho, caminho escolhido pelo emedebista, de buscar o apoio do ex-presidente, destoa do que os tucanos estão buscando construir nacionalmente

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo LEite - Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

Governador do Rio Grande do Sul e uma das principais lideranças do PSDB, Eduardo Leite se posiciona contra o apoio de seu partido à reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). De acordo com Leite, a associação de Nunes a Jair Bolsonaro (PL) não está alinhada com o projeto que o PSDB busca construir nacionalmente, de oferecer uma alternativa à polarização entre Lula e o ex-titular do Planalto.

— Respeito o prefeito Ricardo Nunes. O trabalho dele começa com o PSDB, inclusive. Com o prefeito Bruno Covas. Mas houve a escolha de um caminho de se associar justamente ao Bolsonaro, o que diverge, destoa, do que o PSDB está buscando representar, de uma alternativa nesse contexto político nacional (da polarização) — afirmou Leite ao Globo.

Para o governador, a eleição municipal na capital paulista precisa "observar questões nacionais". O mais adequado, na sua visão, seria lançar uma candidatura própria, conforme a tradição do partido na maior cidade do país. O tucano participou de um evento na Fundação FHC, em São Paulo, na manhã desta segunda-feira. Depois de conversar com jornalistas, ele reuniu com o ex-ministro Andrea Matarazzo, cujo retorno ao partido para concorrer nas eleições municipais é alvo de especulação.

— O esforço é no sentido de ter uma candidatura própria. Não tendo, nós vamos ter que discutir nacionalmente a quem nos associamos que mais tem a convergência nessa questão nacional. Quem é que estará mais próximo de nós na defesa de um projeto alternativo nacionalmente?— declarou.

O caminho a ser seguido pelo PSDB na eleição para a prefeitura de São Paulo gerou um racha no partido. Enquanto a ala de Leite defende a candidatura própria, os vereadores da Câmara Municipal de São Paulo desejam caminhar ao lado do prefeito Ricardo Nunes. Há também integrantes que advogam por uma chapa com a deputada federal Tabata Amaral (PSB).

Como mostrou O Globo, em meio ao cenário de indefinição, pelo menos metade da bancada tucana da cidade de São Paulo deve abandonar a sigla na janela partidária.

Em busca de uma pacificação no estado, o PSDB decidiu, neste domingo, a nova composição do diretório paulista. Mas não houve acordo para a definição do próximo presidente estadual.

Elogios a Haddad e críticas a Lula
Durante sua palestra na Fundação FHC, Leite elogiou o desempenho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizendo que ele merece “os melhores elogios”. Ao tratar da próxima eleição presidencial, teve cautela: defendeu que ainda é "precipitado" projetar 2026 e que o cenário dependerá da percepção de bem-estar econômico no país.

—Se a economia estiver andando de lado e não tiver um risco de um Bolsonaro ou de um bolsonarista com a marca dele, talvez o eleitor se dê o direito de olhar mais o cardápio— discursou Leite, que depois continuou. — A esperança é de que haja uma exaustão desse clima de acirramento.

Ao fazer uma avaliação sobre o presidente Lula, Leite disse que o petista tem muito mais respeito às instituições do que seu antecessor e conseguiu melhorar o ambiente institucional, em especial, na relação com os governadores que não são ideologicamente alinhados a ele. Leite, no entanto, fez críticas às recentes manifestações do presidente, que, na sua visão, contribuem para a divisão do país.

— O esforço do principal líder do país, que é o presidente da República, deveria ser de buscar mais a convergência do que a divergência e as manifestações recente feitas, por exemplo, em relação a israel, fazendo uma comparação absurda e inaceitável com o Holocausto, nem ajudam externamente o país e nem dentro, aprofunda uma cizânia já existente. Os constantes ataques que são feitos aos que aderem às ideias do ex-presidente Bolsonaro são ataques também a um povo para quem governa —explicou o governador, dizendo que Lula e Bolsonaro "dependem politicamente um do outro".