Amanda de Souza realiza pinturas digitais em fotografias de mulheres negras do século 19
Artista visual apresenta o resultado do seu trabalho na exposição "A sua casa não tem porta e nem janela"
A artista visual Amanda de Souza pinta com cores bem vivas figuras que sofreram um apagamento histórico ao longo dos séculos. São registros fotográficos de mulheres negras escravizadas, que passaram por intervenções artísticas e podem ser vistas na exposição “A sua casa não tem porta e nem janela”, em cartaz no Engenho Massangana, até o final de março.
De acordo com Amanda, o convite para a mostra partiu da Fundação Joaquim Nabuco, através do museólogo Henrique Cruz, que assina a curadoria. A ideia partiu de uma problemática identificada pela instituição durante o trabalho com a Coleção Francisco Rodrigues: das 17 mil fotografias catalogadas de indivíduos e famílias pernambucanas entre 1840 e 1920, apenas 50 são de pessoas negras.
Das poucas representações negras presentes no conjunto de fotos, Amanda optou por trabalhar com um recorte de sete mulheres. Esses registros selecionados receberam intervenções por meio de pintura digital. Praticante da Jurema Sagrada, a artista inseriu elementos de sete entidades femininas ligadas à tradição religiosa nas imagens.
“Precisei olhar para essas imagens com carinho, para conseguir fazer uma intervenção respeitosa com a memória dessas mulheres que não têm sequer o registro dos seus nomes. Então, uma das coisas que eu pensei foi em subverter a posição subalternizada que elas tinham dentro daquele contexto e trazer uma memória de empoderamento para elas”, explicou.
Para compartilhar mais informações sobre o seu processo de criação, Amanda encabeça uma pocket série de três episódios, com direção de Henrique Silva. Nos vídeos publicados em sua página no Instagram (@desouzza.amanda ), ela compartilha todo o processo de seleção das imagens e as intervenções feitas nelas.
Serviço:
Exposição “A sua casa não tem porta e nem janela”
Em cartaz até o final de março, de terça-feira a sábado, das 9h às 16h; nos domingos, de 10h às 15h
Na Capela de São Mateus, no Engenho Massangana (PE-60, Km 10 s/n, Cabo de Santo Agostinho)
Entrada gratuita