"Não tenho nenhum prazer em ficar vendo baleia por aí", diz Bolsonaro sobre acusação de importunação
Ex-presidente prestou depoimento nesta terça-feira, em São Paulo, no âmbito de investigação da Polícia Federal sobre o caso
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou, em depoimento à Polícia Federal, que estava no jet ski filmado próximo a uma baleia-jubarte em São Sebastião, no litoral de São Paulo. Por conta do episódio, ele responde a um inquérito no qual é acusado de importunar o animal.
Nesta terça-feira, tanto Bolsonaro quanto Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social no governo passado, também presente ao passeio aquático, foram ouvidos na sede da PF em São Paulo. O ex-presidente chegou por volta das 14h e foi embora às 15h50min, sem falar com a imprensa.
— No depoimento, confirmei que era eu no jet ski. Não vou negar, nem pedir perícia disso. Expliquei como tudo aconteceu. Eu vi um grupo de pessoas em embarcações, me aproximei e a baleia surgiu em uns 15, 20, 30 metros à minha frente. Deixei em ponto morto o jet ski e, quando ela mergulhou a segunda vez, dei ré e fui cuidar da minha vida, do meu passeio. Não tenho nenhum prazer em ficar vendo baleia por aí. A confusão está feita — explicou Bolsonaro em entrevista ao vivo ao programa Oeste Sem Filtro, concedida horas depois do depoimento.
Ao participar do programa, o ex-presidente disse ter a expectativa de que o caso seja arquivado:
— Espero que o delegado oriente pelo arquivamento, mas quem vai dar a palavra final é o Ministério Público.
Mais cedo, logo após o fim do depoimento, a defesa já havia informado que Bolsonaro não sabia que é proibido, por lei, importunar baleias. Daniel Tesser, que advoga para o ex-presidente, justificou que “não é possível” controlar um animal deste tamanho que “surge” debaixo da água.
— Você não consegue controlar um animal daquele tamanho que surge, emerge debaixo da água. É exatamente o que aconteceu. O presidente tomou todas as precauções a partir do momento que avistava a baleia — disse Tesser. — E ele também nem sabia que tinha essa proibição, mas mesmo assim tomou todos os cuidados necessários para não criar nenhum tipo de interferência — justificou o advogado.
A legislação brasileira proíbe que embarcações se aproximem de qualquer espécie de baleia com motor ligado a menos de 100 metros de distância do animal.
Já Wajngarten — que também é advogado e representa Bolsonaro em outros casos — afirmou, ao deixar a sede da PF, que é vergonhoso ele ter sido convocado, já que não estava próximo ao animal.
— Eu estava distante, auxiliando uma embarcação que teve pane de motor — contou Wajngarten. — O doutor Eduardo Kuntz (advogado de Wajngarten no caso) deixou bem consignado no depoimento que se trata de mais uma provocação por meramente estar ao lado do presidente Bolsonaro, na sua defesa.
O advogado de Wajngarten, por sua vez, disse que aguarda que o inquérito seja “relatado e encerrado”, “como nem deveria ter sido iniciado”.