Estimativa é que número de casos de dengue ultrapasse 150 mil no RJ até o fim de abril
Doença já causou dez mortes este ano no estado; subsecretário estadual de Vigilância e Atenção Primária à Saúde prevê que se alcance recorde histórico de casos registrado em 2002
A Secretaria estadual de Saúde informou, nesta quarta-feira, que a dengue já causou dez mortes no Rio este ano. O número foi atualizado com a confirmação de quatro óbitos no Sul Fluminense — dois em Resende, um em Três Rios e um em Volta Redonda. Outros 65 casos são investigados no estado. Duas das mortes são de moradores da Maré e de Senador Camará, na capital, onde há mais uma em investigação, segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
O painel do estado registrava, até ontem, 79.525 casos prováveis da doença. Em todo o ano passado, foram contabilizados 51.438. A estimativa do subsecretário estadual de Vigilância e Atenção Primária à Saúde, Mário Sérgio Ribeiro, é de ultrapassar 150 mil casos até o fim de abril, quando ele acredita que a incidência comece a diminuir por conta da mudança climática.
— Ainda avaliamos a situação, mas estamos vivendo algo parecido com a nossa maior epidemia de dengue, em 2002, quando tivemos entre 260 mil e 270 mil casos. A curva é muito parecida — diz ele. — Só que, naquele ano, o sorotipo era 3. Hoje, estamos tendo dengue dos tipos 1 e 2.
Evolução é uma incógnita
Segundo ele, a evolução da doença em 2024 é uma incógnita. Isso porque, nos últimos sete anos, houve uma alternância de sorotipos 1 e 2. E quem tem dengue uma vez e é reinfectado pelo mesmo tipo de vírus não desenvolve a doença porque o sistema imunológico cria uma barreira.
— Não se espera tantos casos, por não haver uma população grande suscetível. Tudo me parece obscuro. Estamos esperando os centros de pesquisa; vamos acompanhar e ver se identificam alguma mutação no vetor. Também a grande quantidade de casos pode ser resultado do comportamento do próprio vetor. Podemos ter uma maior quantidade de mosquito circulando. Ou, como tem feito muito calor, as pessoas estão abrindo mais as casas — analisa o subsecretário.
Além das mortes na capital, em Resende, Três Rios e Volta Redonda, houve óbitos por dengue este ano em Barra do Piraí, Cachoeiras de Macacu, Itatiaia e Mangaratiba. Em 21 de fevereiro, o governador Cláudio Castro decretou epidemia de dengue no estado. Na capital, o prefeito Eduardo Paes já havia adotado a mesma medida no início do mês, anunciando um plano de contingência.
Por causa da doença, 2.374 pessoas foram internadas no estado em 2024. Mais da metade dos casos (52,3%) foi registrada na capital: 41.595.
Vacina: baixa adesão
A partir de sexta-feira da semana passada, o Rio e oito municípios da Baixada Fluminense iniciaram a vacinação contra a dengue em crianças. Na capital, devido à baixa adesão — cerca de 10% das crianças de 10 e 11 anos foram vacinadas —, a Secretaria municipal de Saúde antecipou para ontem o início do calendário de vacinação para quem tem 11 anos.
Até terça-feira, foram aplicadas 13.154 doses da vacina no município do Rio. As doses estão disponíveis em todas as 238 unidades de atenção primária da cidade, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Também é possível se imunizar nas unidades do Super Centro Carioca de Vacinação de Botafogo (todos os dias, inclusive aos domingos, das 8h às 22h) e de Campo Grande (abre diariamente de acordo com o funcionamento do Park Shopping Campo Grande, onde está localizado).