'Em Nárnia, não há democracia; o leão é o rei', ironiza Moraes no TSE após crítica
Declaração faz referência à série de livros e filmes 'As Crônicas de Nárnia'
O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ironizou nesta quinta-feira, 29, em pleno julgamento na Corte, uma crítica de o magistrado seria 'defensor da democracia' no 'mundo de Nárnia'.
Após o colega Raul Araújo ler a crítica no Plenário, Moraes bradou: "Eu gostaria só de lembrar que em Nárnia não há democracia porque Aslan, que é o Leão, é o rei. Só para recordar o agressor".
A manifestação contestada é do economista Rodrigo Constantino, da Rádio Jovem Pan, que foi alvo de uma ação proposta pela Coligação Brasil da Esperança, que patrocinou a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A campanha do petista atribuiu ao jornalista veiculação de informações falsas e sabidamente inverídicas relativas à Justiça Eleitoral e ao então candidato à Presidência.
Em voto-vista lido na manhã desta quinta, o ministro Raul Araújo leu as frases questionadas pelos advogados da campanha de Lula, entre elas uma que fazia menção à atuação de Moraes.
"O (Fábio) Piperno (comentarista) vive no mundo da lua. Esse mundo de Nárnia onde o Alexandre de Moraes é o defensor da democracia. E na prática o que nós temos na empresa em que ele, Piperno trabalha, uma censura imposta, que eles mentem que não impuseram".
Nesse momento, Moraes interpelou o colega e bradou: "Eu gostaria só de lembrar que, em Nárnia, não há democracia porque Aslan, que é o Leão, que é o rei. Só para recordar o agressor".
"É, é isso mesmo", responde Raul Araújo, rindo. O ministro então segue na leitura do voto.
As manifestações fazem referência à série de livros e filmes 'As Crônicas de Nárnia', que retrata um mundo fantástico governado pelo leão Aslan.
O julgamento da representação da qual Constantino é alvo, no entanto, acabou suspenso. Em sessão anterior, o relator, ministro Benedito Gonçalves, votou pela aplicação de multa de R$ 30 mil - posicionamento accompanhado por Moraes. Na sessão desta quinta, Raul Araújo defendeu a rejeição da representação. Em seguida, a ministra Cármen Lúcia pediu mais tempo para analisar o caso.