ECONOMIA

PIB do Brasil cresce 2,9% em 2023 e fecha em R$ 10,3 trilhões, diz IBGE

Houve crescimentos na Agropecuária (15,1%), na Indústria (1,6%) e em Serviços (2,4%)

Agropecuária foi o principal motor de crescimento em 2023 - CNA/ Wenderson Araujo/Trilux

A economia brasileira cresceu, em 2023, três vezes o resultado previsto no início do ano passado. No primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Produto Interno Bruto (PIB, valor de todos os bens e serviços produzidos) cresceu 2,9%, informou nesta sexta-feira o IBGE.

Na primeira semana de janeiro do ano passado, o Boletim Focus – relatório do Banco Central (BC) que compila projeções de analistas – apontava para um crescimento de apenas 0,78% em 2023. O número foi subindo à medida que dados mais positivos foram sendo divulgados ao longo do ano.

No último trimestre, o crescimento foi de zero sobre o terceiro trimestre, ante a ligeira alta de 0,1% apontada pelas projeções de economistas compiladas em pesquisa do jornal Valor, confirmando que o bom desempenho de 2023 foi garantido no primeiro semestre.

Agro concentra crescimento no 1º semestre
O crescimento concentrado na primeira metade do ano está relacionado com um dos responsáveis pela surpresa positiva com o PIB de 2023: a agropecuária. A supersafra de grãos foi um dos motores da economia, ao lado dos serviços, que respondem por quase 70% da economia e foram impulsionados pelo consumo das famílias e pela exportações agrícolas.

A desaceleração do ritmo no segundo semestre também passa pelo campo. Isso porque a produção de soja, principal cultura de grãos do país, se concentra no primeiro semestre.

Sem ela na conta, o PIB da agropecuária é, geralmente, mais fraco no terceiro e no quarto trimestres. Ano passado, esse efeito foi potencializado pelo fato de que, na supersafra 2022/2023, tanto a produção quanto a produtividade da soja cresceram muito.

Na freada do segundo semestre de 2023, os serviços, pela ótica da oferta, e o consumo das famílias, pelo lado da demanda, garantiram algum fôlego. E mesmo a estagnação no quarto trimestre aponta para uma retomada neste ano, ainda que o crescimento anual fique abaixo do que de 2023.

Emprego e precatórios deverão ajudar em 2024
Com o clima atrapalhando a safra 2023/2024, a agropecuária puxará a economia para baixo, ainda que pouco. Na análise de economistas, a demanda doméstica, com destaque para o consumo das famílias, deverá ser o motor. Desde o início do ano, as projeções já têm sido revisadas para cima.

Segundo economistas do banco Santander, a retomada virá por causa do mercado de trabalho, “ainda resiliente”, e da retomada dos pagamentos de precatórios – como são chamadas as dívidas dos governos com pessoas e empresas cujo pagamento já foi reconhecido em decisões judiciais.

O mercado de trabalho manteve o cenário positivo no mês passado, já que a taxa de desemprego ficou em 7,6%, nos menores níveis desde 2014, como informou o IBGE na quinta-feira.

“Embora o reforço na criação de vagas na virada do ano tenha recebido contribuição importante de tipos de ocupação tipicamente informais (conta própria, trabalho doméstico e emprego sem carteira), os postos com carteira assinada, assim como as contratações do setor público, continuaram crescendo à frente da ocupação total”, diz um relatório divulgado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Ganho de tração em dezembro
O banco J.P.Morgan, em relatório da semana passada, chamou a atenção para alguns pontos. Primeiro, já houve ganho de tração em dezembro, conforme indicadores mensais de atividade. Segundo, os índices de confiança melhoraram em janeiro. Em terceiro lugar, a elevação da inflação neste primeiro trimestre deverá ser temporária.

“Ainda que o setor agropecuário, que foi o destaque do crescimento econômico maior do que o esperado no ano passado, seja mais fraco este ano, há boas notícias do lado da oferta. Particularmente, acreditamos que o setor de petróleo pode ser um destaque”, escreveram os analistas do J.P.Morgan, liderados pela economista Cassiana Fernandez.

Também em relatório, a corretora Genial Investimentos ressaltou que os “resultados mais positivos da economia em dezembro” e a “perspectiva de continuidade” do ciclo de queda na taxa básica de juros (a Selic, hoje em 11,25% ao ano) dão “um viés altista” para a projeção de crescimento econômico este ano. Antes da divulgação dos dados nesta sexta-feira, a Genial espera avanço de 1,4% no PIB este ano.