Gaza

Lula fala em "carnificina" em Gaza e afirma que Israel impõe "punição coletiva" ao povo palestino

Presidente participou da Cúpula de Chefes de Estado e Governo da Comunidade dos Estados Latino- Americanos e Caribenhos (CELAC)

O presidente Lula em evento no Palácio do Planalto - Evaristo Sá/AFP

Em mais uma crítica a Tel Aviv, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que Israel pratica uma "punição coletiva" na Faixa de Gaza e que é preciso "parar a carnificina em nome da sobrevivência da humanidade". O presidente deu as declarações durante discurso na 8ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da Comunidade dos Estados Latino- Americanos e Caribenhos (CELAC).

— A tragédia humanitária em Gaza requer de todos nós a capacidade de dizer um basta para a punição coletiva que o governo de Israel impõe ao povo palestino. As pessoas estão morrendo na fila para obter comida. A indiferença da comunidade internacional é chocante — afirmou Lula.

Em outro momento do seu discurso, Lula falou em "carnificina" e afirmou que a dignidade e humanidade estão ameaçadas.

— Quero terminar dizendo para vocês que a nossa dignidade e humanidade estão em jogo. Por isso, é preciso parar a carnificina em nome da sobrevivência da humanidade, que precisa de muito humanismo — afirmou.

Lula também pediu ao secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, para que invocar o artigo 99 da Carta da ONU para tratar sobre a crise em Gaza. O artigo 99 é é uma das ferramentas diplomáticas de maior poder simbólico à disposição do secretário-geral da ONU e permite que um tema que ameaçe a paz e segurança internacional seja levado à atenção do Conselho de Segurança.

Ele também pediu uma moção pelo "fim do genocídio" na Faixa de Gaza.

— Quero aproveitar a presença do secretário-geral da ONU, meu companheiro António Guterres, para propor uma moção da Celac pelo fim imediato desse genocídio. O secretário-geral pode invocar o artigo 99 da Carta da ONU para levar a atenção do Conselho tema que ameaça a paz e a segurança internacional.

Lula ainda fez um apelo aos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que possuem poder de veto, para que "deixem suas diferenças e ponham fim a matança". São membros permanentes a China, França, Rússia, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, além dos Estados Unidos.

Lula pediu que o próximo país a assumir a presidência do Conselho de Segurança da ONU, o Japão, paute o tema.

— Faço um apelo ao governo japonês, que assume a presidência do Conselho a partir de hoje, para que paute esse tema com toda a urgência. Peço aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU que deixem de lados suas diferenças e ponham fim a essa matança.

Os Estados Unidos, país com assento permanente no Conselho, já vetou três resoluções que pediam um cessar-fogo na região.