ABREU E LIMA

Terreiro em Abreu e Lima é saqueado e depredado, e babalorixá denuncia dificuldades em registrar BO

De acordo com ele, um dos comissários de plantão afirmou que não poderia fazer o registro pois havia outras demandas

terreiro Ilê Asé Féfé Aiyê, que fica no bairro de Caetés II, em Abreu e Lima - Reprodução Instagram

Um terreiro de candomblé foi invadido, saqueado e vandalizado na noite da última quarta-feira (28), na cidade de Abreu e Lima, Região Metropolitana do Recife. O pai de santo responsável pelo terreiro Ilê Asé Féfé Aiyê, que fica no bairro de Caetés II, dirigiu-se à Delegacia de Paulista, cidade vizinha a Abreu e Lima, para denunciar o crime, mas, segundo ele, não foi bem recebido pelos policiais, que pediram para que ele voltasse depois.

De acordo com Mythel Carlos, babalorixá responsável pelo local, um dos comissários que estavam de plantão na delegacia, afirmou que não poderia fazer o registro naquele momento pois havia outras demandas e pediu para que ele retornasse em outro momento.

"Essa situação, para ele, depois do que aconteceu no terreiro, foi horrível. Ele chegou muito abalado em casa, passando mal e se sentindo frustrado por que nem a polícia pôde fazer algo por nós. Ele se sentiu de mãos atadas", contou Cleberson Marcos, companheiro de Mythel. O babalorixá chegou a ligar para o 190, que também não atendeu à demanda por "precisar de mais provas da ocorrência". 

Os criminosos quebraram imagens, levaram a fiação, iluminação, motor da geladeira, parte do telhado, fogão, botijão de gás, panelas, calhas e quebraram até partes da estrutura da casa para acessar outros cômodos e levar as grades. "Eles deixaram nosso terreiro completamente destruído. Também fizeram as necessidades, como fezes, no local".



Segundo o casal, vizinhos teriam escutado os barulhos e visto um dos suspeitos passando com as grades. 
"Nunca esperamos que algo assim acontecesse. Era o nosso sonho, lutamos muito para manter o local. No estado em que a casa está, precisamos de muita ajuda das pessoas porque não temos como voltar a nos reunir", comentou Cleberson. 

Antes do crime, Mythel e o terreiro já passavam por um período de luto pela morte do antigo responsável, que era irmão de Mythel e faleceu há cerca de um mês devido a uma infecção pulmonar. Por isso, não estava em funcionamento e era visitado em dias alternados, para manutenção e limpeza. 

Os responsáveis pelo terreiro pedem ajuda para minimizar os danos e reconstruir o local - os interessados podem entrar em contato através do número (81) 99746-5342 ou fazer uma transferência via Pix para o mesmo número. 

Polícia
A reportagem procurou a Secretaria de Defesa Social (SDS) e as polícias Civil e Militar de Pernambuco para saber o motivo de Mythel não ter conseguido registrar a ocorrência. Até a publicação desta reportagem, no entanto, não teve retorno da SDS ou da Polícia Militar. 

Em nota, a Polícia Civil informou que estranhou o fato relatado e irá apurar o ocorrido. Informou também que a orientação de que todos os cidadãos sejam atendidos em suas unidades policiais com respeito, sem discriminação e com compromisso ao trabalho de Polícia Judiciária.

Além disso, a corporação disse ainda que, caso Mythel queira denunciar o comportamento dos policiais, pode procurar a Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social, no bairro da Boa Vista, no Recife. E que é necessário o registro para que se possa tomar as devidas providências para o esclarecimento dos danos e depredações no local.