Grande reunião política anual da China começa com a economia no centro das atenções
Encontra não terá a presença do primeiro-ministro
As autoridades chinesas "confiam plenamente" nas perspectivas de crescimento do país, afirmou nesta segunda-feira (4) uma fonte de alto escalão do governo, antes do anúncio do programa político para 2024 com a desaceleração econômica como pano de fundo.
A grande reunião política anual chinesa, conhecida como "Duas Sessões", começou nesta segunda-feira em Pequim, com a presença do presidente Xi Jinping.
As Duas Sessões começaram com a reunião da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), no Grande Palácio do Povo de Pequim, que vai prosseguir até domingo.
Na terça-feira (5) começará a sessão da Assembleia Popular Nacional (APN), o Parlamento, que encerrará os trabalhos na segunda-feira 11 de março.
Também na terça-feira, o governo chinês revelará a meta de crescimento do PIB.
A segurança foi reforçada nas ruas da capital para a chegada dos milhares de deputados e delegados que participam nas duas reuniões.
A economia vai concentrar boa parte dos debates, no momento em que a recuperação do país asiático enfrenta a crise imobiliária, o desemprego entre os jovens e a estagnação do consumo.
As autoridades chinesas "confiam plenamente" nas perspectivas de crescimento a longo prazo da segunda maior economia mundial, afirmou nesta segunda-feira o porta-voz da sessão parlamentar, Lou Qinjian.
Outro porta-voz, Liu Jieyi, declarou no domingo que a economia e o desemprego estarão no centro das reuniões.
A taxa de desemprego entre os jovens era oficialmente de 15% no final de 2023.
Sem entrevista coletiva do primeiro-ministro
A sessão anual do Parlamento chinês serve para enfatizar a unidade do país, com uma votação quase unânime dos quase 3.000 representantes.
O encontro anual da CCPPC, órgão consultivo com representantes dos diferentes setores de atividade, organizações políticas vinculadas ao Partido Comunista da China (PCC), religiões ou minorias étnicas, é menos importante que a reunião da APN.
Na prática, no entanto, os quase 3 mil deputados do Parlamento têm poderes limitados.
As decisões mais importantes já foram adotadas com antecedência pelo Partido Comunista.
Ao contrário do que aconteceu em outros anos, o primeiro-ministro Li Qiang não concederá a tradicional entrevista coletiva no encerramento da reunião. O discurso, habitual desde 1993, "não acontecerá nos próximos anos", disse Lou Qinjian, sem apresentar explicações.
Segurança
Provavelmente não serão anunciadas grandes medidas para a retomada da economia, embora os analistas considerem que são necessárias.
A economia chinesa registrou no ano passado um dos menores crescimentos das últimas décadas (5,2%).
"Não espero grandes mudanças políticas, como grandes reformas estruturais importantes que modificariam a trajetória econômica", disse à AFP Lynette Ong, professora da Universidade de Toronto. "A ênfase será (...) a segurança", enfatizou.
A China anunciará na terça-feira um novo aumento do orçamento militar, que avança há várias décadas.
Pequim ampliou no ano passado a definição do que constitui espionagem e ordenou operações de busca em várias empresas estrangeiras de consultoria, auditoria e investigação.
A política estrangeira da China será outro tema abordado, com as atenções voltadas para as eleições presidenciais dos Estados Unidos em novembro. As relações entre os dois países pioraram consideravelmente nos últimos anos.
"Não importa quem é o presidente, esperamos que os Estados Unidos possam trabalhar na mesma direção que a China para uma relação estável, saudável e duradoura entre a China e Estados Unidos", disse o porta-voz Lou Qinjian.