BRASIL

Autonomia financeira do Banco Central é "passo natural", diz Roberto Campos Neto

Ele disse em palestra em SP que 90% dos BCs que têm autonomia operacional também têm autonomia financeira

Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto - Pedro França/Agência Senado

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, em São Paulo, que o tema da autonomia financeira do Banco Central é extremamente técnico e "não deveria gerar ruído na imprensa". Mas, segundo ele, trata-se de um 'passo natural, já que 90% dos bancos centrais que têm autonomia operacional no mundo também têm autonomia financeira.

— O tema da autonomia financeira é um tema técnico e precisa ser dicutido num ambiente mais técnico, sem gerar ruído na mídia. Mas 90% dos bancos centrais que têm autonomia operacional têm autonomia financeira. É um passo natural — afirmou Campos Neto durante palestra na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Ele disse que o assunto está sendo discutido com técnicos para se chegar aos principais benefícios que essa mudança pode trazer ao país.

— O trabalho do BC é melhorar o Brasil, ajudar o governo e fazer com que as coisas funcionem — disse.

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que tramita no Congresso sobre a autonomia financeira e administrativa do Banco Central permitirá que o BC defina sua própria política de pessoal, inclusive os salários.
 

Campos Neto disse à colunista Miriam Leitão, do Globo, que a receita para esses aumentos viriam do próprio BC. A receita viria da senhoriagem, que é o lucro que se tem com a emissão, administração e circulação da moeda, e algumas taxas cobradas pelo Banco Central.

Em entrevista à "Folha de São Paulo" publicada neste final de semana, Campos Neto defendeu a autonomia financeira do BC.

Campos Neto afirmou à colunista Miriam Leitão que o BC estava perdendo sete funcionários por dia, pois pessoas qualificadas estavam saindo para bancos para outras atividades, por conta do salário defasado. Na conversa, ele admitiu que essa defasagem salarial foi criada principalmente no governo Bolsonaro, quando o ministro Paulo Guedes fez uma política salarial de não aumento aos servidores. No governo Lula, o funcionalismo teve aumento de 9%.