Argentina

Governo argentino suspende maior agência pública de notícias do país

Com mais de 700 funcionários, entre administradores, jornalistas e fotógrafos, o serviço da Télam transmite informação nacional e conteúdos em foto, vídeo, rádio e redes sociais

Membros da Polícia Federal Argentina vigiam a sede da agência de notícias estatal Telam em Buenos Aires - Luis Robayo/AFP

O governo argentino suspendeu por uma semana a atividade da agência estatal de notícias Télam e cercou dois de seus escritórios em Buenos Aires nesta segunda-feira. A medida foi tomada após o presidente Javier Milei ter anunciado seu fechamento em discurso perante o Congresso na última sexta-feira. Com mais de 700 funcionários, entre administradores, jornalistas e fotógrafos, o serviço da agência transmite informação nacional e conteúdos em foto, vídeo, rádio e redes sociais.

— Descobrimos ontem à noite (domingo) que começaram a cercar [a agência], após o desastroso anúncio em rede nacional de Janiver Milei na sexta-feira — disse o delegado do Sindicato de Imprensa de Buenos Aires, Agustín Lecchi, acrescentando que os funcionários não puderam entrar em seus locais de trabalho nesta segunda-feira.

O porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, explicou em entrevista coletiva que o governo enviou um comunicado interno “a todo o pessoal, isentando-os da prestação de serviços durante sete dias remunerados, enquanto se avança no plano com base no que foi anunciado pelo presidente”. A mensagem recebida pelos funcionários da agência diz que “todos os funcionários da Télam S.E. estão isentos do pagamento do débito laboral durante um período de sete dias”.

Adorni afirmou que “esta semana será revelado o plano que está sendo elaborado para o fechamento da Télam e o destino de seus funcionários”. O porta-voz declarou que, neste ano, a previsão era a de que a agência tivesse uma perda estimada em 20 bilhões de pesos argentinos (R$ 118 milhões), e que o fechamento da agência foi prometido por Milei durante a campanha. Ele disse que a decisão não tem “nada a ver com a liberdade de imprensa, nem com a liberdade de expressão”.

Conforme publicado pelo La Nación, Adorni não soube responder se o fechamento da agência deverá passar pelo Congresso, e pontuou apenas que “os detalhes legais serão conhecidos nesta semana”. Fontes da Casa Rosada afirmaram que “a lógica é, como Milei disse várias vezes”, que a Argentina está “em crise e não pode se dar ao luxo de estar gastando dinheiro de todos em meios públicos”. Além das cercas e suspensões, o site da agência está fora do ar: “Página em reconstrução”, diz o site.