Lula diz que vai "encher o saco" do iFood para regulamentar trabalho de entregadores
Presidente deu declaração ao enviar projeto que trata de motoristas
Ao assinar nesta segunda-feira o projeto de lei que cria um pacote de direitos para motoristas de aplicativos de transporte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o iFood. O governo responsabiliza a empresa de entregas pela falta de acordo para regulamentação do trabalho dos entregadores.
— O iFood não quer negociar, mas vamos encher tanto o saco que o iFood vai ter que negociar para fazer aquilo que vocês (motoristas) fizeram — disse o presidente.
Pela proposta do governo, não haverá vínculo de trabalho entre motorista e app previsto pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Caso o texto seja aprovado pelos parlamentares, os motoristas receberão um valor mínimo por hora trabalhada e, junto com as empresas, contribuirão com o INSS. Assim, serão segurados da Previdência.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, também criticou a empresa de entregas.
— Nós esperamos que esse projeto influencie os demais segmentos para poder voltar à mesa. Não adianta o iFood mandar recado. Nós queremos conversar. O fato é que iFood e demais (empresas) diziam que o padrão dessa negociação não cabia no seu modelo de negócio, porque é um modelo altamente explorador.
Em nota, o iFood disse que "não é verdadeira a fala do Ministro Luiz Marinho de que a empresa não quer negociar uma proposta digna para entregadores".
O iFood disse que participou ativamente do Grupo de Trabalho Tripartite (GT) e negociou um desenho regulatório para os entregadores até o seu encerramento.
"A última proposta feita pelo próprio Ministro Marinho, com ganhos de R$17 por hora trabalhada, foi integralmente aceita pelo iFood. Depois disso, o governo priorizou a discussão com os motoristas, que encontrava menos divergência na bancada dos trabalhadores. A empresa reforça que apoia desde 2021 a regulação do trabalho intermediado por plataformas e busca uma regulamentação para delivery que atenda as particularidades e necessidades diferentes dos motoristas, visando proteger os entregadores e preservar a sustentabilidade de seu ecossistema, que gera 873 mil postos de trabalho e atende 40 milhões de consumidores", afirma a empresa.