Primeira-dama

Janja diz que mulheres "têm muito" o que ensinar a Lula e critica falta de representatividade no STF

Objetivos para melhorias nos índices femininos foram apresentados em plano; governo quer 45% das mulheres no mercado de trabalho formal

A primeira dama, Janja Lula da Silva, durante lançamento do Relatório da Agenda Transversal Mulheres PPA 2024-2027 - Jose Cruz/Agência Brasil

A primeira-dama Janja da Silva disse em evento com ministras do governo Lula que o presidente “tem muito” o que aprender com elas. Janja também criticou a falta de representatividade no Supremo Tribunal Federal (STF), que passou a ter apenas uma mulher, Cármen Lúcia, depois que Lula indicou o ex-ministro da Justiça Flávio Dino para a vaga de Rosa Weber.

Janja esteve no lançamento do Plano Plurianual para mulheres, que traçou promessas do governo para igualdade de gênero a serem cumpridas até 2027. Entre elas, está o aumento da formalização de mulheres no mercado de trabalho para 45% e a redução da disparidade de renda entre homens e mulheres em 10%.

— Apesar de ele ser presidente, a gente tem muito também o que ensinar e mostrar para ele. É isso que ele espera de nós — disse a primeira-dama para uma plateia de servidoras públicas do Banco do Brasil, onde aconteceu o evento.

Janja disse ainda que iria colocar o caderno que traz os objetivos do PPA para mulheres na mesa de cabeceira do marido. Dirigindo-se a Cármen Lúcia, a primeira-dama ainda lembrou do ambiente majoritariamente masculino da Corte.

— Toda vez que eu chego lá num evento no Supremo, eu vou direto para ela. Porque eu sempre entro naquela sala, e é uma sala muito masculina. Aquilo me incomoda muito, e aí eu sempre busco a ministra Cármen lá. Eu espero, realmente, é um espaço muito difícil, mas eu espero que ainda esse espaço possa ser de mais mulheres – afirmou.

Cármen Lúcia destacou que a busca pela igualdade de direitos entre os gêneros é direito constitucional

– Eu quero que no Brasil cada pessoa seja o que ela quiser, e isso é direito na Constituição. Não é porque sou juíza que não sofro preconceito. O preconceito passa pelo olhar, não precisa falar nada. Somos invisibilizadas por uma cultura há mais de 2 mil anos.

Também estiveram no lançamento do PPA, as ministras do Planejamento, Simone Tebet, responsável pelo plano; das Mulheres, Cida Gonçalves; da Igualdade Racial, Anielle Franco; da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos; da Gestão e Inovação, Esther Dweck; e da Cultura, Margareth Menezes, que citou o baixo número de mulheres no comando de ministérios.

– Ainda não é o que queremos, queremos a paridade total. Mas já é uma sinalização – disse Menezes.

Cida Gonçalves, também destacou o ambiente majoritariamente masculino dos comandos no serviço público. Ele disse ainda que a igualdade salarial entre homens e mulheres será efetivamente colocada no mercado de trabalho, após a aprovação do projeto de lei.

– A caminhada é muito difícil, às vezes dá vontade de desistir e chorar. Nós temos uma estrutura de estado que não foi feita para terem mulheres. A igualdade salarial é um princípio civilizatório.

Entre os objetivos do PPA 2024-2027 para mulheres, estão:

Alcançar taxa de 45,2% de formalização de mulheres do mercado de trabalho;

Redução da disparidade de renda entre homens e mulheres em 10%;

Redução em 16% das mortes de mulheres em residências por violência;

Construir 60 maternidades;

Criar 117 unidades de atendimento às mulheres vítimas de violência;

Construir 90 centros de parto normal;

Lançar edital de 100 milhões de reais para projetos científicos de meninas e mulheres;

Bolsas de doutorado para mulheres negras, indígenas e quilombolas.