MUNDO

Míssil russo cai a menos de 200 metros de comitiva de Zelensky e premier grego em Odessa Cinco pesso

Cinco pessoas morreram no ataque, mas líderes e seus assessores saíram ilesos; presidente ucraniano diz que Rússia 'não liga' para seus alvos

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia - Thomas COEX / AFP

Um míssil russo caiu a menos de 200 metros de uma comitiva que levava o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o premier da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, em uma visita à cidade portuária de Odessa, nesta quarta-feira. Segundo autoridades locais, cinco pessoas morreram no ataque, mas os integrantes das comitivas saíram ilesos.

'O Ocidente deve parar de encher a Ucrânia de armas', diz chefe da diplomacia do Kremlin em entrevista exclusiva ao GLOBO

Os dois visitavam o porto quando as sirenes de ataque aéreo soaram — pouco depois, de acordo com a Marinha ucraniana, um hangar que abriga drones usados para atacar alvos russos foi atingido, e cinco pessoas morreram. O local estava a menos de 200 metros de onde estavam Zelensky e o premier grego. As Forças Armadas russas confirmaram o ataque, sem mencionar se sabiam que os dois líderes estavam perto do alvo.

— Vimos a explosão hoje. Vocês viram com quem estamos lidando, eles (russos) não ligam onde estão atingindo. Sei que houve vítimas hoje — disse Zelensky, citado site Suspilne. — Eles não ligam se são soldados, civis ou convidados internacionais, eles não ligam.

Também citado pela publicação ucraniana, Mitsotakis disse que o incidente foi um lembrete “de que uma guerra real está acontecendo na Ucrânia”.

— O presidente Zelensky e sua equipe nos mostraram e explicaram a importância do porto e o que está sendo feito para restaurar e fortalecer a rota marítima ucraniana e os danos que sofreu durante os ataques, que estavam muito perto de nós. Não tivemos tempo de ir para um lugar seguro, foi uma experiência muito impressionante — afirmou o premier.

Putin diz que intervenção ocidental na Ucrânia pode provocar um conflito nuclear e 'destruir a civilização'

Segundo o jornal Prothotema, ninguém se feriu nas duas delegações, e o líder grego seguiu para a Moldávia, por via terrestre, de onde irá de avião para a Romênia. Como todas as viagens de líderes estrangeiros à Ucrânia, especialmente as que ocorrem longe de Kiev, a visita não foi previamente anunciada e ocorreu sob sigilo absoluto.

No X, o antigo Twitter, o presidente da Comissão Europeia, Charles Michel, afirmou que o ataque foi “repreensível até pelos padrões do Kremlin”, e que ao supostamente tentar alvejar os líderes da Ucrânia e da Grécia, expõe mais uma “das táticas covardes da Rússia em sua guerra de agressão contra a Ucrânia”.

“O apoio total da União Europeia à Ucrânia e seu corajoso povo não será abalado”, concluiu Charles Michel.

O ataque ocorre pouco mais de uma semana de um incidente semelhante com a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, à mesma região. Ela e sua comitiva precisaram ir para um abrigo em Odessa depois de um alerta de ataque aéreo e, no dia seguinte, abreviaram uma visita a Mylokaiv depois que um drone de monitoramento russo foi identificado perto dos veículos. Baerbock foi levada às pressas para a Moldávia.

Alemanha diz que vazamento de conversa confidencial sobre a guerra na Ucrânia foi um 'erro individual'

Principal terminal portuário da Ucrânia, Odessa era um dos principais alvos da Rússia no início da invasão, há pouco mais de de dois anos, mas ainda segue sob controle ucraniano, o que não impede os ataques quase diários. Na segunda-feira, o outrora moderado e hoje radical vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, provocou calafrios mundo afora ao mostrar o que seria, em sua visão, a real extensão do território russo: o mapa abarcava quase metade da Ucrânia, incluindo toda a costa do Mar Negro e a cidade de Odessa.

— Um dos ex-líderes da Ucrânia disse , em algim momento, que a Ucrânia não era a Rússia — afirmou, durante uma apresençação em Moscou. — Esse conceito precisa desaparecer para sempre. A Ucrânia é, definitivamente, [parte da] Rússia. As partes históricas do país precisam voltar para casa.