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Rússia e China detalham planos para instalação de base na Lua até 2035; entenda

Projeto foi anunciado por Yuri Borisov, chefe da agência espacial russa Roscosmos, durante palestra para estudantes

Rússia e China planejam instalar usina nuclear na Lua até 2035 - Frederic Durillon/AFP

A Rússia e a China avaliam a possibilidade de instalar em conjunto uma usina nuclear na Lua entre 2033 e 2035. O projeto foi anunciado por Yuri Borisov, chefe da agência espacial russa Roscosmos, durante uma palestra para estudantes na terça-feira. Na ocasião, ele declarou que a estrutura permitirá a construção de assentamentos lunares.

Segundo a agência de notícias Reuters, Borisov, que também é ex-vice-ministro de Defesa, informou que os países trabalham juntos em um programa lunar e que Moscou poderá contribuir com sua experiência em energia espacial nuclear.

— Hoje estamos considerando seriamente um projeto, em algum momento na virada de 2033-2035, para entregar e instalar uma unidade de energia na superfície lunar junto com nossos colegas chineses — falou.

Também de acordo com ele, painéis solares não seriam capazes de fornecer eletricidade suficiente para abastecer futuros assentamentos lunares, enquanto a energia nuclear poderia entregar a carga necessária. Ele ainda falou dos planos russos de construção de uma nave espacial de carga movida a energia nuclear. Segundo Borisov, todas as questões técnicas relativas ao projeto foram resolvidas, como a descoberta de um meio de resfriar o reator nuclear.

— Estamos de fato trabalhando em um rebocador espacial. Esta enorme estrutura ciclópica seria capaz, graças a um reator nuclear e a turbinas de alta potência, de transportar grandes cargas de uma órbita para outra, coletar detritos espaciais e se envolver em muitas outras aplicações — disse Borisov.

 

Ele disse, segundo a Bloomberg, que a usina precisaria ser construída por robôs. De acordo com uma reportagem do serviço de notícias Tass, o plano inclui veículos lunares técnicos para pesquisa, um robô saltador e vários robôs inteligentes, mini-rovers projetados para explorar a superfície do satélite da Terra.

A Rússia também está desenvolvendo um “rebocador espacial” movido a energia nuclear que pode transportar carga de uma órbita para outra, coletar detritos espaciais ou “se envolver em muitas outras aplicações”, declarou Borisov.

Na palestra, ele também disse que a Rússia é contra a implantação de armas nucleares no espaço e acrescentou, segundo o portal Interfax, acreditar que “o espaço deveria estar livre de armas nucleares”. Os Estados Unidos já acusaram o país de planejar obter esse tipo de armamento. No entanto, as autoridades russas e o presidente Vladimir Putin condenaram as alegações, sugerindo que os planos para colocar armas nucleares no espaço eram “falsos”.

Em 2021, a Rússia e a China apresentaram um roteiro para a construção de uma estação científica na Lua até o final de 2035. As autoridades russas já haviam falado sobre planos ambiciosos de um dia explorar o satélite, mas o programa espacial sofreu com uma série de controvérsias nos últimos anos.

Após 47 anos, a primeira missão lunar dos russos falhou no ano passado, depois que a espaçonave Luna-25 saiu de controle e caiu. Apesar disso, Moscou informou que lançará novas missões lunares e explora a possibilidade de uma missão conjunta tripulada com a China.