Petrobras divulga hoje balanço de 2023, com investidores de olho na distribuição de dividendos
Mercado desconfia dos sinais dados pela direção atual da empresa de que pode sacrificar distribuição de lucros em prol do aumento de investimentos em transição energética
A Petrobras divulga nesta quinta-feira (7) seu resultado financeiro de 2023, o primeiro ano sob gestão do PT, com os analistas de olho no volume de dividendos que a estatal vai distribuir aos acionistas.
As previsões compiladas pela Bloomberg apontam para um lucro líquido em torno de R$ 127 bilhões em 2023. Se confirmado, o ganho vai representar uma queda de 47% em relação aos R$ 188,3 bilhões registrados em 2022.
Os analistas preveem também ganhos entre R$ 34 bilhões e R$ 36 bilhões para o quarto trimestre de 2023. É menor que os R$ 43 bilhões do último trimestre de 2022.
Segundo agentes de mercado, o lucro será influenciado, sobretudo, pela suspensão da política da venda de ativos com a chegada do PT ao poder, que reduz a entrada de recursos no caixa da estatal.
Mas o que os investidores vão estar de olho mesmo é no sinal que a empresa dará sobre o pagamento de dividendos neste ano. A expectativa é que a estatal anuncie a distribuição de dividendos ordinários relativos ao resultado do quarto trimestre, além de dividendos extraordinários relativos ao ano de 2023.
Bancos como Citi e Goldman Sachs preveem dividendos ordinários entre US$ 7 bilhões (cerca de R$ 34,5 bilhões levando em conta o câmbio de R$ 4,94) e US$ 8 bilhões (R$ 39,5 bilhões).
A companhia distribui como dividendos a seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre (valor que sobra do caixa gerado com a operação depois de descontados os investimentos). Mas, na semana passada, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, deixou investidores inseguros sobre a política de dividendos.
Ele defendeu, em entrevista à agência Bloomberg, que a petroleira deve ser mais cautelosa em relação à distribuição de dividendos bilionários à medida em que busca se tornar uma potência em energia renovável, mobilizando mais recursos para investimentos. As ações despencaram mais de 5% num só dia. A estatal então divulgou comunicado afirmando que não havia decisão tomada sobre o tema.
Os dividendos pagos pela Petrobras nos últimos cinco anos:
2018: R$ 7,1 bilhões
2019: R$ 10,7 bilhões
2020: R$ 10,3 bilhões
2021: R$ 101,4 bilhões
2022: R$ 222,6 bilhões
Em relação aos dividendos extraordinários, o Itaú BBA prevê, em relatório, que a estatal tenha espaço para distribuir em dividendos extraordinários uma quantia entre US$ 4,7 bilhões (R$ 23,2 bilhões) e US$ 8,6 bilhões (R$ 42,4 bilhões).
Porém, a Petrobras deve alocar cerca de metade dos dividendos extraordinários para a "reserva estatutária". Essa reserva tem como objetivo garantir a sustentabilidade econômica da empresa. Mas, para especialistas, é uma forma de a estatal aumentar os investimentos, principalmente, em fontes renováveis.
No mês passado, a Petrobras informou aumento de 3,5% em sua produção comercial de petróleo e gás em 2023, para 2,4 milhões de barris de óleo equivalente diários (Boe/d), no ano de 2023. A alta foi puxada pelo pré-sal, que registrou avanço de 10,5%.
O total operado pela estatal chegou a 3,8 mil barris por dia, crescimento de 6,2%. O valor inclui a participação de outras petroleiras em blocos. A companhia atribuiu o crescimento à entrada de três novas plataformas de produção.
O volume de vendas de combustíveis no mercado interno teve uma queda de 0,5% no ano passado, para 1,744 milhão de barris por dia. O diesel teve recuo de 1,2% com o aumento da mistura obrigatória de biodiesel de 10% para 12% ocorrido em abril do ano passado e a venda da refinaria de Manaus, no fim de 2022.