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Alvo de xenofobia, veja quem é o primeiro brasileiro na final do Festival da Canção em Portugal

Carioca Leo Middea, de 28 anos, fez um desabafo nas redes sociais sobre os ataques e deixou ainda um apelo: "Celebrar a diferença é lindo"

Finalista do Festival da Canção denuncia discurso de ódio e xenofobia - Reprodução/Instagram

O carioca Leo Middea, de 28 anos, se tornou o primeiro brasileiro em 60 anos em uma final do Festival da Canção de Portugal, competição que escolhe o representante do país no Eurovision. Com uma composição carregada de referências à MPB, "Doce Mistério", o cantor e compositor vem recebendo ataques racistas e xenófobos nas redes sociais.

"Os ataques começaram quando a música foi lançada, em janeiro. Mas, depois que eu me tornei o primeiro brasileiro em uma final do Festival da Canção, a coisa ganhou outra proporção", afirmou. "Gente falando do meu sotaque como se ele fosse uma coisa nojenta, como se fosse algo que não é bom de escutar. Realmente, coisas muito maldosas.", relatou ao divulgar o conteúdo ofensivo de algumas das mensagens. Através da sua conta de Instagram Leo deixou uma mensagem:

“Desde sábado os discursos de ódio têm aumentado muito. Saibam que isso só me gera mais força, porque batalhei muito para chegar. Eu amo Portugal e tem pessoas incríveis que me apoiam desde o dia em que cheguei aqui há sete anos, e não é à toa que um dos meus principais públicos atualmente são portugueses” iniciou o texto.

Leo Middea, que é radicado em Lisboa desde 2017, sempre manteve fortes referências ao Brasil em seu trabalho. Mas foi em Portugal, que ele produziu e gravou seus últimos três discos, incluindo o recém-lançado “Gente” - o quinto da carreira. Antes de se dedicar ao festival, o brasileiro realizou uma série de apresentações em outras cidades europeias, quase sempre com ingressos esgotados.

“De janeiro a março desse ano já foram 17 shows em cinco países onde o público variava entre brasileiros, portugueses, alemães, holandeses, belgas, ingleses, espanhóis, italianos. E foi bonito ver todas essas nacionalidades cantando as praias e os bairros desse país (como as canções: ‘Banho de Mar’, ‘Freguesia de Arroios’ e ‘Bairro da Graça’). Eles sabem que o céu de Lisboa é bonito demais. Cantar Portugal para o mundo é bonito, como também canto o Brasil para o mundo com toda a mistura de ritmos que existem dentro do meu próprio país“.

Sobre os ataques, o cantor deixou ainda um apelo: “Celebrar a diferença é lindo! E o amor pela música é maior que qualquer ataque. O multiculturalismo é de uma beleza sem tamanho e o intercâmbio entre ritmos e sotaques é valioso. Que a gente possa, cada vez mais, poder compartilhar música pelo mundo, com todas as suas singularidades, com um grande abraço e sem preconceitos“.

O concurso tem agora 12 finalistas, que se apresentarão ao vivo na noite de sábado em uma transmissão especial da RTP (emissora pública de Portugal). O vencedor da competição será o representante de Portugal na 68ª edição do Festival Eurovision, que acontece em maio na Suécia, país vencedor em 2023.