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"Sem custo baixo, não há preço baixo", diz presidente da Latam sobre altos valores das passagens

Aéreas reclamam de altos gastos para operar no país e pedem política de desenvolvimento o setor

Latam - Martin Bernetti/AFP

As passagens aéreas no Brasil estão com preços altos e dificultam o crescimento do número de passageiros no país, afirmou o CEO da Latam, Jerome Cadier, ao participar do Fórum Panrotas 2024, ao lado dos presidentes da Gol e da Azul.

Segundo o executivo, o setor aéreo precisa de uma política pública focada em reduzir custos e dar segurança jurídica às companhias.

"Precisamos ter uma política de desenvolvimento do setor. Sem custo baixo, não há preço baixo" afirmou Cadier, acrescentando que é preciso trabalhar no custo, o que inclui financiamento, mão de obra, combustível e judicialização.

"O preço para operar no Brasil está realmente alto e, com ele, o Brasil não terá o crescimento que precisa ter - completou o executivo, lamentando que estamos perdendo para países da América Latina, o que, segundo ele, é frustrante."

Cadier insistiu que, mais do que acesso ao crédito, o maior problema para as aéreas é o custo.

Reforçando a posição de Cadier, o CEO da Gol, Carlos Ferrer, afirmou que as empresas estão falando de custo e competitividade:

"Competimos com áreas estrangeiras na mesma rota com um custo muito maior."

Ao contrário dos EUA e da Europa, os países latino-americanos ofereceram pouca ajuda ao setor durante a pandemia, deixando que as companhias aéreas da região lidassem com a crise por conta própria.

Linha de crédito do governo
Lembrando que, ao longo de 2023, os presidentes das companhias aéreas foram “chamados a Brasília para receber bronca pelo preço do passagem toda semana”, John Peter Rodgerson, CEO da Azul, afirmou que as empresas não querem subsídio do governo, mas acesso a crédito. Por isso, diante do cenário atual, avalia como fundamental a linha de crédito a ser oferecida pelo governo.

O governo federal deve anunciar este mês um ''pacote de socorro'' às aéreas brasileiras que deve ficar entre R$ 4 bilhões e R$ 6 bilhões. O empréstimo será oferecido por meio do BNDES para capital de giro. O banco, porém, exige garantias das empresas para liberar o dinheiro. A avaliação é que as empresas não têm ativos para oferecer como garantia e nem garantias bancárias.

Por isso, o governo passou a buscar um fundo federal para servir como garantidor. A alternativa hoje em estudo é usar o Fundo Garantidor de Operações (FGO), administrado pelo Banco do Brasil.

Ferrer, da Gol, afirma que as aéreas vão “ser fortemente impactadas” pela reforma tributária, devido ao aumento da carga de impostos. Além disso, ressalta, o programa Voa Brasil não deveria focar em passagens abaixo de R$ 200, mas sim em alcançar consumidores que não estão considerando voar de avião.

O Voa Brasil, que deve ser lançado ainda este mês, vai oferecer cinco milhões de passagens a R$ 200 a 20 milhões de aposentados e 800 mil alunos do Prouni.