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Lilia Schwarcz é eleita para a cadeira 9 da Academia Brasileira de Letras

Antropóloga e historiadora confirmou favoritismo contra o escritor Edgar Telles Ribeiro e sucederá o diplomata Alberto da Costa e Silva

Lilia Schwarcz - Edilson Dantas/Agência O Globo

A antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz foi eleita, nesta quinta-feira (7), para a cadeira 9 da Academia Brasileira de Letras. Ela sucede o diplomata, poeta e historiador Alberto da Costa e Silva, falecido em novembro do ano passado.

A Professora sênior do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo e atualmente Visiting Professor em Princeton confirmou seu favoritismo e superou o diplomata e escritor Edgar Telles Ribeiro.

Nascida em São Paulo, em 1957, Schwarcz tem mais de 30 livros publicados. Com uma vasta produção acadêmica, abordou ao longo da carreira temas como a história do Brasil colonial, a escravidão, a cultura popular e as questões raciais.

Seu livro "As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos" ganhou o prêmio Jabuti de Livro do Ano, em 1999. Dirigiu a coleção "História do Brasil Nação em seis volumes" (Objetiva/ Fundação Mapfre), sendo três deles indicados para o Jabuti. Fruto de dez anos de pesquisa, o seu "Lima Barreto - Triste visionário", investiga as origens e a trajetória do trágico autor brasileiro, morto em 1922, sob a ótica racial.

- Um trauma que o Brasil precisa enfrentar é a questão racial - disse ela, em entrevista ao GLOBO em 2022. - Enquanto parte da sociedade brasileira tiver uma imaginação europeia, se perceber tão francesa, tão norte-americana, enquanto não introduzirmos o ensino sobre a África (nas escolas), não nos resolveremos.

Algumas de suas obras mais recentes incluem "Sobre o autoritarismo", "Quando acaba o Século XX" e "A Bailarina da Morte: A Gripe Espanhola no Brasil", publicados respectivamente em 2018, 2019 e 2020.

Um dos grandes desafios para os historiadores, de acordo com Schwarcz, é a limitação dos arquivos históricos, que tendem a excluir minorias importantes para a formação do país.

- Nossa historiografia é colonial, masculina, sudestina e cheia de silêncios - definiu Schwarcz, em uma palestra na Feira Literária Internacional de Paraty de 2022. - Dizem: "Você é historiadora, então, deve ser ótima de memória". Respondo: "Não, porque a história lembra um pouquinho e esquece muito, sobretudo a população negra e as pessoas fora dos espaços de poder.

Em 2022, ela lançou “O sequestro da Independência”, em que analisa imagens icônicas dos momentos derradeiros do Brasil Colônia e seu uso posterior por governos de caráter autoritário.