Em mais uma reunião, conselho da Vale tenta consenso sobre sucessão
A expectativa é de que o encontro desta vez tenha mais sucesso do que o realizado em 15 de fevereiro
A novela em que se transformou a sucessão no comando da Vale terá um novo capitulo nesta sexta, 8, e, segundo pessoas que acompanham o processo, pode estar mais perto do fim. Mesmo fora de pauta, o tema deverá ser debatido na reunião de hoje do conselho de administração da mineradora.
A expectativa é de que o encontro desta vez tenha mais sucesso do que o realizado em 15 de fevereiro, quando os conselheiros se dividiram entre a recondução do atual presidente da empresa, Eduardo Bartolomeo, e a contratação de um de "headhunter" internacional para a escolha de um novo nome para comandar a Vale.
O Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apurou que, das possibilidades na mesa para destravar as negociações, a melhor seria a recondução de Bartolomeo por um período menor do que o mandato tradicional de três anos.
"Ambas as partes têm de convergir pelo melhor interesse da Companhia", afirmou uma pessoa que acompanha de perto as negociações.
Rigor
Em nota divulgada ontem, pouco antes do fechamento da Bolsa de Valores, a Vale reiterou que não houve decisão de seu conselho de administração quanto à renovação do mandato do presidente em exercício, ou à realização de processo sucessório. "O conselho de administração da Vale segue conduzindo de forma diligente as discussões pertinentes à definição do presidente da companhia e cumprindo com rigor o estatuto social e as políticas corporativas aplicáveis", disse a mineradora no comunicado ao mercado.
Ao longo do pregão de ontem da B3 (a Bolsa de Valores do Brasil), as ações chegaram a subir 1,83%. Os papéis, porém, terminaram o dia em queda de 0,34%, a R$ 66,52, com o comunicado da empresa ao mercado, informando não haver qualquer decisão sobre o novo presidente. Desde o início do ano, em meio à novela da sucessão, as ações da empresa acumulam queda de 13,83%.
Em meio à demora na definição do rumo que terá a sucessão do comando da mineradora, alguns nomes começaram a circular no mercado nos últimos dias como cotados para ocupar a presidência, como o do presidente da Suzano, Walter Schalka, que já anunciou que deixará o cargo no meio do ano.
O ex-presidente da Cielo e do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, e o ex-presidente da própria Vale, Murilo Ferreira, também foram cogitados como potenciais candidatos ao posto.
Abstenção
O conselho de administração da Vale tem 13 membros. Na votação do último dia 15, o conselheiro Luiz Henrique Guimarães se absteve de votar. O executivo, que é ligado à Cosan - dona de 4,9% do capital da Vale -, também teve seu nome cotado para a sucessão de Bartolomeo, e o potencial conflito de interesses teria motivado sua abstenção, comentou então um observador. Com a abstenção, o resultado daquela terminou em 6 a 6 entre os favoráveis à recondução de Batolomeo e os que defendem a troca do presidente.
Essa indefinição, segundo os analistas, deixa a companhia mais vulnerável e causa as perdas das ações.