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Menopausa começa a ser discutida abertamente no trabalho

Empresas passam a oferecer benefícios de saúde e trabalhistas específicos para mulheres nessa fase

Mercado de Trabalho - Unsplash

Natalia Maureira-Rey estava numa reunião com cinco colegas advogados na Espanha em maio do ano passado, quando, de repente, começou a suar. Diretora de Assuntos Jurídicos Corporativos da América do Norte da Inditex, gigante do varejo espanhol mais conhecida pela marca Zara, desabafou com a colega que estava perto dela à mesa:

"As ondas de calor da menopausa são inacreditáveis."

Diferença salarial cai, mas só 17% das empresas no Brasil têm mulheres na presidência

A mulher se levantou e depois de alguns minutos, voltou e entregou a Natalia um lindo leque espanhol, afirmando que isso ajudaria.

À medida que mais mulheres começam a falar sobre o que pode ser uma experiência tabu, a da menopausa, uma mudança se anuncia — ainda que lenta — nas empresas dos Estados Unidos.

Um número cada vez maior de empregadores está oferecendo ou planejando introduzir benefícios de saúde e trabalhistas específicos para mulheres na menopausa, com o objetivo de reduzir os US$ 26,6 bilhões que a economia dos EUA perde todos os anos com o gerenciamento dos sintomas desta fase vivida pelas funcionárias, incluindo US$ 1,8 bilhão devido à perda de produtividade e bilhões a mais em despesas com saúde.

Em uma análise em mais de 500 empresas, 15% dos empregadores disseram que oferecem ou planejam oferecer benefícios ligados à menopausa em 2024. Isso representa um aumento de só 4% em relação ao ano passado. Microsoft, Palantir Technologies e Abercrombie & Fitch estão entre as empresas americanas que já incluem serviços relacionados à menopausa.

Impacto em promoções
Na seguradora de saúde Blue Cross Blue Shield of Massachusetts, mais de 70% dos funcionários são mulheres, com idade média de 45 anos. Juntamente com os 2,9 milhões de clientes que atende nos EUA, o crescimento dos benefícios relacionados à menopausa “é uma grande parte da nossa oportunidade de negócios”, disse a CEO Sarah Iselin para mais de 400 funcionários durante um webinar em julho.

Essas executivas ainda são minoria: pesquisa da Carrot Fertility, de benefícios de saúde, mostra que só 4% das mulheres nos EUA falam “publicamente” sobre menopausa.

E são exemplos de um grupo crescente de mulheres que provavelmente estão passando por mudanças físicas e emocionais no momento em que ascendem a cargos seniores no ambiente corporativo — a idade média da menopausa nos EUA é de 52 anos, segundo a Menopause Society.

A idade média dos CEOs recém-nomeados em 2023 foi de pouco menos de 54 anos, diz a empresa de recrutamento Spencer Stuart. As executivas relatam impacto negativo em contratações e bonificações.