Moraes determina soltura de militar alvo de investigação da PF em inquérito sobre golpe de Estado
Coronel Bernardo Romão Correa Netto estava nos Estados Unidos e retornou ao Brasil para ser preso, há um mês
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a soltura do coronel do Exército Bernardo Romão Corrêa Neto. Ele estava nos Estados Unidos quando foi deflagrada a operação da Polícia Federal que o investigava por suposta participação na organização criminosa que planejou um golpe de Estado. Ao retornar ao Brasil, em 11 de fevereiro, foi preso.
Corrêa Netto é apontado pela PF como o organizador de uma reunião de oficiais das Forças Especiais do Exército para discutir a trama golpista em 28 de novembro de 2022 , quase um mês após o segundo turno das eleições presidenciais.
Na época, o coronel era assistente do Comando Militar do Sul e apontado como homem de confiança do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ambos também alvos da apuração.
Ao pedir a sua prisão, determinada por Moraes, a PF indicou que diálogos encontrados no celular de Cid demonstram que Corrêa Netto selecionou para a referida reunião apenas os militares formados no curso de Forças Especiais (os chamados Kids Pretos), e que o fato "demonstra planejamento minucioso para utilizar, contra o próprio Estado brasileiro, as técnicas militares para consumação do golpe de Estado".
Na decisão, o ministro pontuou que havia uma atuação de Corrêa Netto "nas medidas direcionadas à disseminação de notícias falsas por integrantes das Forças Armadas em associação com outros membros do grupo criminoso para desacreditar o processo eleitoral".
O ministro disse, ainda, que a apuração demonstra que o coronel acompanhava de forma próxima "o desenrolar das providências que criariam ambiente favorável ao golpe de Estado, assim como da efetivação das medidas práticas relacionadas com aqueles propósitos", como o caso da circulação de um documento intitulado "carta ao comandante do Exército de oficiais superiores da ativa do Exército brasileiro". A carta foi elaborada, como ressaltou Moraes, com o objetivo de ser um instrumento de pressão ao então comandante do Exército, Freire Gomes.