BRASIL

Fala de Zema sobre Lula ser 'democrata' irrita base na Assembleia de Minas

Deputados que apoiam o governador não concordam com a declaração dada após encontro com presidente que tratou sobre a dívida pública do estado

Romeu Zema e Lula - Ricardo Stuckert/PR

Uma fala do governador Romeu Zema (Novo) na última quarta-feira gerou rusgas com sua base na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Após se reunir com o presidente Lula (PT) para discutir a dívida pública do estado com a União, hoje avaliada em R$ 165 bilhões, Zema chamou o chefe do Executivo de "democrata".

— Foi uma reunião tranquila com o presidente. Tanto quanto eu, somos democratas, acreditamos na democracia — afirmou o governador, ao deixar a agenda.

A terminologia empregada para descrever Lula não agradou parte dos parlamentares que hoje votam a favor dos projetos do governador mineiro. Nos corredores da Assembleia, o clima foi de insatisfação.

Articuladores ouvidos pela reportagem compreenderam a declaração como um aceno ao presidente da República. Apesar de compreenderam que o governador necessita dialogar com o governo federal para resolver o impasse tributário do estado, destacam que, para isso, não seria necessário fazer elogios.

Entre os parlamentares que discordaram da afirmação está o pré-candidato à prefeitura de Belo Horizonte pelo PL, Bruno Engler:

— De maneira nenhuma concordo com esta declaração, acho que o governador tem direito à opinião dele, mas uma pessoa que elogia ditadores não pode ser considerado democrata. Lula dá total apoio a grupos terroristas como Hammas — afirma Engler.

Já Coronel Sandro (PL) defendeu a decisão do governador em buscar uma relação institucional junto ao governo federal.

— É preciso esquecer a diferença política e ideológica para cuidar dos interesses institucionais. Mas com essa opinião eu não concordo. Como líder do maior partido de esquerda do Brasil, Lula tem dado declarações absurdas e não tem nada de democrático — diz.

Críticas da oposição
Além de ter incomodado sua base, a declaração de aceno a Lula também não repercutiu positivamente na oposição ao governador, que viu hipocrisia no aceno. A deputada Lohanna França (PV) lembrou que, na semana anterior, Zema esteve em um ato de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em São Paulo.

— Uma coisa que eu percebo é que a política não aceita gesto inútil. É muito estranho que o governador tenha se negado a participar do oito de janeiro, justificando que não ia participar de até políticos, e depois apareceu no ato de Bolsonaro, e agora fez um gesto dizendo que Lula é democrata. Fico feliz que ele esteja aprendendo agora isso, mas um gesto inútil não soma. Antes tarde do que mais tarde, é importante que ele esteja aprendendo.