Cerca de 70 países concordam em revisar modelos de construção face a mudança climática
O objetivo é zerar as emissões de gás carbônico na indústria de construção civil, responsável por grandes lançamentos de gases de efeito estufa
Pelo menos 70 países concordaram, nesta sexta-feira (8), em revisar e adaptar modelos de construção de edifícios para frear o aquecimento global e protegê-los de fenômenos climáticos, anunciaram a ONU e o governo francês.
O primeiro "Fórum Mundial sobre Edifícios e Clima", que teve início na quinta-feira, foi organizado conjuntamente pela Agência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o governo francês e foi encerrado com a "Declaração de Chaillot", em referência ao palácio que recebeu a cúpula.
Na reunião participaram ministros do Meio Ambiente ou da Construção dos países signatários, incluindo Estados Unidos e Arábia Saudita, com exceção da China. Também compareceram construtores, arquitetos, engenheiros, escritórios de design, indústrias de materiais ou de construção, diplomatas ou doadores internacionais.
O objetivo é zerar as emissões de gás carbônico na indústria de construção civil, responsável por grandes lançamentos de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aumento das temperaturas globais.
Busca-se, também, aumentar a resistência destes edifícios diante de tempestades, inundações e das ondas de calor, sobretudo em países mais vulneráveis do sul.
A construção é um setor "onde as emissões mundiais de gases de efeito estufa continuam aumentando" e "não vão por um bom caminho para alcançar a descarbonização até 2050" e respeitar o Acordo de Paris sobre o clima de 2015 (COP21), segundo a declaração.
A ONU estima o dobro dos edifícios construídos no mundo de hoje até 2060, bem como o consumo de quase duas vezes a quantidade de matérias-primas utilizadas, a maioria das quais é dedicada às construções.
Atualmente, o setor é responsável por 21% das emissões mundiais de gases do efeito estufa e de 37% dos lançamentos de gás carbônico associados à energia. Também representa 34% da demanda energética e capta metade do consumo mundial de matérias-primas, de acordo com o documento.
Além disso, as demolições e renovações geram 100 bilhões de toneladas de resíduos anualmente, a maioria dos quais não são reutilizados, e 35% terminam em áreas onde são enterrados.
Entre os compromissos firmados pelos participantes, estão a prioridade concedida à renovação em detrimento de novas construções, com o objetivo de reduzir o uso de recursos não renováveis e aumentar a eficiência energética.
A Declaração de Chaillot estimula a economia de água e energia, e afirma que é preciso reduzir ao máximo os edifícios com ar condicionado, dando preferência à circulação de ar no interior os prédios e certificando a capacitação de uma mão de obra qualificada para realizar tais tarefas.