ELEIÇÕES

Chavismo lança Maduro como candidato à reeleição na Venezuela

Presidente disputou o poder em 2013 e 2018; pleito foi definido para o final julho e observadores internacionais, como a ONU e a União Europeia, já foram convidados pelo governo

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro - Sérgio Lima/AFP

O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), atualmente poder, propôs o presidente Nicolás Maduro como seu candidato para as eleições presidenciais de 28 de julho, que já era cotado como o candidato natural do chavismo. O anúncio do partido foi feito através de uma publicação na rede social X (antigo Twitter), na qual os militantes resolveram dar seu "apoio ao presidente Nicolás Maduro", após três dias de assembleias em diferentes estados do país.

A proclamação oficial como candidato está prevista somente para a próxima sexta-feira, embora Maduro já tenha agradecido o apoio de seus partidários. A data para as eleições, definida pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) na terça-feira, respeita o acordo de realizar as eleições no segundo semestre de 2024, embora coloque em risco o cronograma das missões internacionais de observação.

O conselho enviou convites para a União Europeia (UE), a ONU e o Centro Carter, dos Estados Unidos, para observar o processo eleitoral. A indicação oficial de candidatos ao CNE ocorrerá entre 21 e 25 de março. O dia escolhido para a votação coincide com o aniversário do ex-presidente Hugo Chávez, assim como o anúncio desta terça-feira foi feito no momento em que se comemoraram 11 anos de sua morte.

"Agradeço por todas as suas expressões de amor, todas as suas bênçãos, todo o seu apoio, e vamos unir todos os que podem ser unidos e convocados pelo povo para o domingo, 28 de julho", disse o presidente em um áudio também transmitido no X.

O líder Diosdado Cabello, considerado o número dois do chavismo, havia dito na quarta-feira que não tinha "nenhuma dúvida" de que Maduro seria o candidato do PSUV "por consenso".

E a oposição?
Maduro está em campanha há semanas e tem aumentado suas aparições públicas, o que era incomum, bem como os anúncios de programas sociais de "nova geração". Ele também prometeu a criação de novas obras públicas. A oposição, por sua vez, precisa definir um candidato diante da desqualificação política de María Corina Machado, que venceu as primárias da principal coalizão da Plataforma Unitária em outubro passado. Embora Machado insista que será candidata, na prática sua candidatura foi descartada por enquanto, ficando inabilitada por 15 anos.

Mesmo assim, até agora a opositora permanece firme e percorre o país em campanha:

— Aqueles que estão falando de substitutos (...) sim, aqui há um substituto, sabem quem? A que vai substituir Nicolás Maduro, que sou eu — disse a líder em um comício na quinta-feira.

A qualificação dos candidatos tem sido um dos pontos de atrito nas negociações mediadas pela Noruega entre o governo e a oposição. Em outubro passado, os dois lados assinaram um acordo em Barbados para organizar a eleição com a presença de observadores internacionais.

Sem resolução: Chavismo e oposição venezuelana concordam em realizar eleições em 2024, mas deixam em aberto situação de inabilitados

A oposição esperava que o acordo permitisse que Machado concorresse às eleições, mas o Supremo Tribunal, acusado de agir sob a égide do governo, confirmou sua inelegibilidade em 26 de janeiro. Nesse sentido, a oposição exige que seu candidato seja liberado.

Eleição considerada fraudulenta
O chavismo completou 25 anos no poder em fevereiro, os últimos 11 liderados por Maduro após a morte de Hugo Chávez em 2013. O líder de 61 anos surge como candidato natural, que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) pretende confirmar em 15 de março durante um congresso.

Em 2018, quando Maduro se reelegeu presidente, várias organizações e países que hoje também foram convidados, como os EUA, a UE, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Africana, enviaram missões de observação para monitorar o processo eleitoral. Apesar dos esforços de monitoramento, contudo, o pleito foi amplamente contestado quanto à sua legitimidade e transparência, com relatos de irregularidades por parte das missões de observação.

A reeleição terminou sendo considerada "fraudulenta" pela oposição, que boicotou as eleições, e pelos Estados Unidos, que impuseram uma série de sanções para tentar, sem sucesso, removê-lo do poder. A UE também não reconheceu o resultado.