NEGÓCIOS

CEO do Uber quer baratear app e criar serviço local de entregas que concorra com Amazon

No SXSW, Dara Khosrowshahi disse anda que pretende ampliar oferta de modalidades de transporte, incluindo o Uber Bus, e que entregas locais permitiriam comerciantes "irem além da Amazon"

Uber - Rovena Rosa/Agência Brasil

Com mais concorrentes no mercado, o Uber quer ampliar a oferta de serviços de entrega e as modalidades de transporte que opera, afirmou Dara Khosrowshahi, CEO global da empresa, nesta segunda-feira. No South by Southwest, festival que acontece em Austin, no Texas, o executivo explicou que pretende ampliar possibilidades de entregas locais e citou a oferta de mais opções de veículos, como scooters e ônibus. O objetivo, segundo ele, é chegar a mais consumidores além da "classe média e alta".

Segundo Khosrowshahi, o objetivo é que o Uber vá além da alimentação para entregar "qualquer coisa" e permitir que comerciantes locais possam "ir além da Amazon". A ampliação da vertente de entrega envolve o investimento em sistema de infraestrutura local para o serviço sob demanda. Segundo ele, a oferta tem como foco primeiro restaurantes e cadeias de mercados. O objetivo, depois, é chegar "a qualquer comerciante" e em "qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo":

— Nosso objetivo principal é estabelecer uma infraestrutura logística local e sob demanda, acessível a todos. Desejamos facilitar não apenas o deslocamento de pessoas de um ponto a outro, mas também permitir o envio de pacotes entre indivíduos e oferecer às empresas a capacidade de operar de maneira semelhante ao da Amazon, mas com um foco local. A ideia é apoiar o comércio local, permitindo que eles entreguem pacotes facilmente.

No relatório financeiro do último trimestre de 2023, a empresa destaca avanços que tem feito nesse segmento, incluindo uma parceria com a Cornershop e varejistas americanos. No Brasil, o Uber opera com possibilidade de entregas de pacotes entre usuários. O Uber Eats, de eque parou de operar no país em 2022.

Transporte de Uber com ônibus
Para baratear os serviços disponíveis no app de transporte, o executivo prometeu ampliar a oferta de descontos na categoria de compartilhamento e destacou que é preciso "insistir nisso", mesmo diante da resistência de consumidores para a modalidade. No radar da empresa, segundo ele, está também a oferta de mais modelos de veículos ofertados na ferramenta.

Khosrowshahi citou a oferta de scooters elétricas, mais populares no mercado europeu e americano, como um exemplo de opção mais barata que os carros. Para países emergentes, ele afirmou que o Uber pretende ampliar o serviço para veículos de transporte coletivo, "com capacidade para 14, 20 pessoas". O serviço, chamado de Uber Bus, está disponível em alguns países como Egito e México. A empresa também opera em alguns mercados com o Uber Shuttle, voltado para o transporte coletivo de funcionários.

— Neste momento, o Uber é um tipo de produto voltado para a classe média ou classe média alta. Nós precisamos torná-lo mais acessível para os consumidores. Há duas formas de fazermos isso. A primeira é ampliar os formatos dos veículos, com opções mais acessíveis que um carro, e a segunda é promover o compartilhamento de veículos. — afirmou o executivo, no SXSW.

Carros autônomos e trabalhadores de apps
No comando do aplicativo desde 2017, o americano de origem iraniana assumiu a empresa em um momento em que o o Uber lidava com uma série de controvérsias - de denúncias de uma cultura de assédio sexual a disputa legais em vários dos mercados em que atuava, com o escrutínio de reguladores. Desde então, o executivo tem trabalhado para melhorar a imagem da empresa, com destaque para programas de segurança para motoristas e metas de sustentabilidade.

No South by Southwest, Dara participou de mesa com o prefeito de Austin, Kirk Watson, em um formato de entrevista mútua. Na conversa, os dois trataram também dos desafios da implementação de carros autônomos para cidades e para empresas operadoras de tecnologia. A modalidade do serviço já é oferecida pelo Uber em algumas cidades americanas, em parceria com o app de mobilidade com a Waymo.

Durante uma hora de conversa, o executivo tratou também de temas como inovações de segurança para motoristas, e incentivo a eletrificação de veículos, mas não mencionou em nenhum momento regulação do trabalho por plataformas, debate que acontece no Brasil e outros mercados da empresa. O GLOBO enviou uma pergunta sobre o tema para os moderadores do evento, em trecho da conversa aberta para questões do público, mas ela foi ignorada.