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Rússia aumenta produção de artilharia e fabrica três vezes mais munição que EUA e Europa somados

Estimativa da Otan revelada com exclusividade à CNN não inclui peças compradas por Moscou a aliados como Irã e Coreia do Norte

Militar ucraniano carrega lançador de granada portátil - Anatolii Stepanov/AFP

Enfrentando uma guerra com poucos avanços na linha de frente, a Rússia aumentou sua produção de peças de artilharia significativamente. Estimativas da Otan, apresentadas com exclusividade à CNN, apontam que Moscou está fabricando cerca de 250 mil munições de artilharia por mês — o que é mais do que as produções de EUA e Europa somadas.

Ainda de acordo com a mesma fonte, o volume produzido por Moscou é de aproximadamente 3 milhões de munições por ano. Em comparação, Washington e Bruxelas só teriam capacidade de produzir 1,2 milhão de munições por ano, disponíveis para envio à Ucrânia. O cálculo sobre a capacidade aliada, segundo a rede americana, é de uma fonte europeia.

A artilharia é um dos pontos-chave da guerra na Ucrânia. Sem grandes movimentos de infantaria na fase atual, ataques além das linhas-inimigas cumprem um papel estratégico tanto para Moscou quanto para Kiev. No decorrer do conflito, uma série de equipamentos capazes de bombardear posições inimigas foram desenvolvidas e agregadas aos arsenais, como drones.

Ainda de acordo com o funcionário de inteligência da Otan, as fábricas russas estão trabalhando em capacidade total, 24 por dia, 7 dias por semana. O número de funcionários trabalhando em empresas do ramo de defesa pulou de algo entre 2 milhões e 2,5 milhões antes da guerra para cerca de 3,5 milhões.

 

Além disso, a inteligência ocidental aponta que as forças de Vladimir Putin encontraram aliados que os estão fornecendo equipamentos bélicos de forma contínua, como o Irã e a Coreia do Norte. Apenas Teerã, segundo a mesma fonte, forneceu ao menos 300 mil munições de artilharia durante o ano passado.

A informação surge em um momento em que a Ucrânia tenta deter a iniciativa russa, que conquistou recentemente avanços discretos. O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou, nesta segunda-feira, que o avanço da Rússia foi "freado" e que a situação no front é "muito melhor", contradizendo informes recentes e reivindicações de Moscou sobre sua campanha militar.

Nos últimos meses, as forças de Kiev enfrentaram uma pressão crescente no front, perdendo terreno para Moscou à espera de mais ajuda dos países ocidentais, especialmente um pacote de ajuda bloqueado no Congresso americano. À medida que Moscou coloca sua economia em modo de guerra, as potências ocidentais enfrentam dificuldades crescentes em fornecer a Kiev as armas e munições que este exige.

As forças ocidentais realizam exercícios de contenção à Rússia. Países da Otan participam dos exercícios militares Steadfast, incluindo no Ártico. Durante semanas, as simulações mobilizam cerca de 90 mil homens e mulheres e dezenas de navios, veículos blindados e aviões de combate.

A aliança militar se reforçou após a invasão russa à Ucrânia, com a entrada da Finlândia e da Suécia, que se tornou o 32º membro na última quinta-feira. No cálculo ocidental, a possibilidade da Rússia atacar um membro da aliança não é excluída.