ARGENTINA

Governo Milei promete ''corte drástico'' no orçamento do Instituto Nacional de Cinema argentino

Na campanha de 2023 presidente eleito havia prometido fechar o Incaa, visto como um dos responsáveis pelo vigor do cinema argentino

Javier Milei - Juan Mabromata/AFP

O governo de Javier Milei anunciou corte no apoio e fomento ao cinema argentino, com mudanças orçamentárias no Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales, Incaa). Segundo um comunicado da Secretaria de Cultura, subordinada ao Ministério do Capital Humano, foi encontrado na entidade uma dívida de US$ 4 milhões, com a afirmação que é "falso que o Incaa se autofinancia".

O texto aponta uma redução drástica nos gastos do Instituto, incluindo cortes nas "transferências às províncias, viagens ao exterior, financiamento de festivais, pagamentos de horas extras, contratos de telefonia móvel, diárias e outros gastos". O comunicado também informa que, para reduzir os US$ 8 milhões destinados a pagamento de pessoal, não será renovado nenhum contrato com vencimento a partir de 31 de março deste ano.

O texto termina relacionando o financiamento à Cultura ao rombo orçamentário em outras áreas, seguindo uma estratégia comum ao discurso de extrema-direita.

"Nosso compromisso com o déficit 0% é inegociável. Terminaram os anos em que se financiavam festivais de cinema com a fome de milhares de crianças".

Fundado nos anos 1950, o Incaa é tido como um dos fatores que levaram a cinematografia argentina a se tornar uma das mais celebradas do mundo, com destaque para os dois Oscar de filme em língua estrangeira conferidos ao país, em 1985 com "A História oficial", de Luiz Puenzo, primeiro longa da América Latina a receber o troféu, e em 2010 com "O segredo dos seus olhos", de Juan José Campanella. Entre outras funções, o Instituto é responsável por organizar toda a cadeia da indústria cinematográfica, da produção à distribuição, e também pelo Festival de Mar Del Plata, que está entre os maiores do circuito mundial.

Na campanha à Presidência, Milei havia prometido que poderia fechar o órgão, e após a eleição indicou que acabaria com o finaciamento público à produção cinematográfica, mas voltou atrás após um protesto internacional contando com o apoio de cineastas como o esapnhol Pedro Almodóvar, o mexicano Alejandro González Iñárritu e o finlandês Aki Kaurismäki. Durante as eleições, o Incaa produziu um vídeo com cenas de longas produzidos no país ao lingo dos anos, com locução do astro Ricardo Darín, para reforçar a importância do audiovisual para o país.