Vieira defende declaração de Lula sobre Israel: "Sinceridade de quem busca preservar a vida"
Chanceler diz que divergências do Brasil não é com o povo e sim com o governo de Israel
Em audiência pública na Comissão de Relações e Defesa Nacional do Senado, nesta quinta-feira, o chanceler Mauro Vieira condenou as ações de Israel na Faixa de Gaza e a possibilidade de os ataques se estenderem a outros territórios palestinos. Vieira deixou claro que as críticas foram dirigidas para o governo israelense, não ao povo daquele país.
— Nossa amizade com o povo israelense sobreviverá ao comportamento do atual governo — afirmou.
O chanceler também chamou de desproporcional a reação de Israel aos ataques do Hamas em 5 de outubro do ano passado.
— A reação de Israel ao ataque tem sido extremamente desproporcional e não tem como alvo somente os responsáveis pelos ataques, mas todo o povo palestino.
No mês passado, durante uma viagem à África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou as mortes de palestinos na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial. O governo israelense reagiu com duas medidas: além de repreender publicamente o embaixador brasileiro, Frederico Meyer, no Museu do Holocausto --local totalmente fora dos padrões, decidiu declarar Lula como persona non grata.
No mês passado, durante uma viagem à África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou as mortes de palestinos na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial. O governo israelense reagiu com duas medidas: além de repreender publicamente o embaixador brasileiro, Frederico Meyer, no Museu do Holocausto --local totalmente fora dos padrões, decidiu declarar Lula como persona non grata.
— O presidente Lula falou com a sinceridade de quem busca preservar um valor supremo, que é a própria vida humana.
Vieira mencionou uma série de fatores que, segundo ele, mostram que, no conflito com o grupo terrorista Hamas, Israel não cumpre as normas do direito internacional: o bloqueio da ajuda humanitária à Faixa de Gaza, as mortes de mais de 31 civis palestinos -- dos quais 25 mil mulheres e crianças -- o aumento das ocupações ilegais por colonos israelenses, a não aceitação de um Estado palestino e o não cumprimento de determinações feitas pela Corte Internacional de Justiça, em um ação movida pela África do Sul que acusa Israel de genocídio.
Mauro Vieira ressaltou que o governo brasileiro sempre defendeu a libertação dos reféns que estão com o Hamas.
Por determinação de Lula, Mauro Vieira chamou o embaixador brasileiro de volta ao Brasil e convocou o chefe da representação de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, para uma reunião no Palácio do Itamaraty, no Rio. As duas medidas, na linguagem diplomática, têm por objetivo demonstrar a insatisfação do governo brasileiro com as autoridades israelenses.
O clima ficou ainda pior, porque o chanceler israelense, Israel Katz, passou a provocar Lula em redes sociais. Vieira reagiu divulgando uma nota que dizia, já no início, que a do país após as declarações do presidente brasileiro sobre a guerra em Gaza é uma "vergonhosa página da diplomacia de Israel".
Mas as relações entre Brasil e Israel já estavam abaladas, desde que o Brasil anunciou seu apoio à África do Sul em uma ação movida na Corte Internacional de Justiça. Os sul-africanos acusaram formalmente Israel de cometer genocídio contra o povo palestino pediram o fim das operações militares.