'A democracia brasileira precisa de uma resposta', diz Anielle Franco, ministra e irmã de Marielle
'Festival de Março', organizado pelo Instituto Marielle Franco, reuniu amigos, familiares e parlamentares em ato e caminhada
O ato em memória da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, nesta quinta-feira, foi marcado por pedidos de justiça das famílias e pela presença de mães de jovens moradores de favela que morreram pela violência do estado. A ministra de Igualdade Racial e irmã de Marielle, Anielle Franco, com a voz embargada, lamentou mais um ano sem saber quem são os mandantes da morte da vereadora e repudiou a violência política, de gênero e de raça no país.
— Não é normal um jovem negro sendo assassinado a cada 23 minutos no país, uma mulher ser violentada a cada seis horas. A gente não aguenta mais lutar, lutar, lutar e não ter respostas. Para além de família e irmã de Marielle, a minha fala é de indignação, por a gente ter um pais extremamente dividido e que zomba dos mortos. Espero que a gente não precise esperar mais para responder quem mandou matar Marielle e Anderson. A democracia brasileira precisa de uma resposta para as mulheres que se colocam corajosamente nesse lugar — declarou, emocionada, Anielle.
Nesta manhã, a família e os amigos de Marielle e Anderson participaram de uma missa na Igreja Nossa Senhora do Parto, no Centro do Rio. Ao lado da estátua da vereadora, a mãe de Marielle, Marinete Silva, disse que o 14 de março é uma celebração da vida, mas também um dia de dor.
— É mais um dia de luta, a celebração da luta, um dia de dor, mas também de resistência. Ter o nome dos mandantes é fundamental para nós. Estar nas ruas hoje para dizer ao Brasil inteiro e aos países, é muito importante. Mais um ano clamando por justiça por Marielle e Anderson — disse a mãe da vereadora, Marinete Silva.
A viúva de Anderson Gomes, Agatha Arnaus, também se manifestou ao lado da família da vereadora:
— Hoje eu olho para esses cartazes desses mortos por violência do estado aqui e penso que se Anderson não estivesse com Marielle, talvez ele seria um desses que estão há 20, 30 anos sem resposta de quem matou e sem responsabilizar os culpados. Talvez eu estivesse lutando sozinha. A gente tem que se indignar muito mais e todo dia — disse.